Banrisul lança programa e inicia nova fase de inovação aberta e outros artigos da semana – 31.07.2025

Nos artigos que publicamos hoje, você vai ler sobre: Banrisul lança programa e inicia nova fase de inovação aberta, Marcas lançam campanhas de Dia dos Pais estreladas por ex-atletas, ‘Cadê o Manual ?’: Geração Z encara a crise dos 25 anos, Setor de mídia OOH fatura R$ 5,5 bilhões e se consolida como terceiro meio mais planejado no Brasil e  Aos 100 anos, O Globo aposta em IA e novas receitas.

Banrisul lança programa e inicia nova fase de inovação aberta

Por Leandro Miguel Souza

 

Para o Banrisul, banco gaúcho que conta com mais de 4 milhões de clientes, em time que está vencendo se mexe, sim. Isso é o que afirma o banco ao lançar a nova edição de seu programa de aceleração, o Banritech Fly. Em seu terceiro ciclo, agora o programa quer trabalhar com fintechs e outras startups mais maduras, de olho em atender desafios internos do banco.

Lançado nessa segunda-feira (28) no Instituto Caldeira, em Porto Alegre, o programa foi redesenhado para impulsionar startups em fase operacional, de tração ou escala, com soluções prontas para serem validadas – por isso o nome “Fly” incluído no nome da nova edição.

As temáticas abordadas no novo edital incluem Inteligência de Mercado, Agregador Financeiro PJ, Programa de Fidelidade, Garantia Tokenizada, Gestão de Imóveis e Performance Interna. Segundo o banco, todos estes temas são conectados às metas de eficiência, expansão, governança e experiência de cliente do banco.

“Nosso propósito é tornar a inovação algo vivo e integrado ao dia a dia do Banrisul. Ao aproximar startups que tragam soluções para os nossos desafios mais prioritários, abrimos espaço para novos negócios, novos modelos e para um relacionamento mais digital e eficaz para os nossos clientes”, destacou Fernando Lemos, presidente do Banrisul.

 

Como funcionará o programa?

Após a chamada inicial, cujas inscrições já estão abertas, o banco selecionará de 30 a 50 startups – um número nos moldes das edições anteriores, que já aceleraram 30 startups. Aliás, segundo destacou a instituição durante o lançamento, 43% das startups aceleradas nas edições anteriores – o que inclui nomes como GalaxPay e Pix Force – atraíram novos clientes ou investidores ao final das acelerações.

O ciclo de aceleração será de setembro a novembro, no qual os fundadores terão acesso a mentorias, consultorias, diagnósticos de maturidade e acesso ao Tecnopuc. Ao final do programa, 10 startups passarão para o Pitch Day e três receberão subsídios para participar de eventos como o Web Summit e SXSW.

Segundo Fabrício Gomes, gerente de inovação do Banrisul, a meta é acelerar startups que, ao final do ciclo, possam conduzir provas de conceito (POCs) dentro de áreas estratégicas do banco. “Estamos respondendo a uma provocação interna do banco, de sermos um pouco ‘mais startup’, mais ágeis para inovar, atraindo negócios inovadores para perto”, afirma.

 

Uma evolução natural

Em conversa com o Startups, Fabrício destacou que a nova edição do Banritech é uma evolução natural do programa, que em suas primeiras iterações serviu para entender as dinâmicas da inovação aberta e abrir relacionamento com o ecossistema. Segundo o executivo, agora o banco está pronto para a “próxima fase”.

“Acredito que a partir de agora temos o conhecimento para ser mais assertivos na solução dos desafios internos, tanto para atrair negócios mais maduros e prontos para escalar, quanto para identificar as soluções mais adequadas e aderentes às necessidades do banco”, explica.

E por falar em “novas fases”, o executivo do Banrisul não descarta para o futuro a possibilidade de se tornar investidor de startups, algo nos moldes que outros bancos estatais como o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal andam fazendo. Entretanto, por enquanto o banco prefere investir a partir de sua posição como cotista no Criatec 4, fundo gerido pelo Banco Regional do Extremo Sul (BRDE).

“A gente está amadurecendo enquanto agentes de inovação, o programa de aceleração é um instrumento desse processo, para posteriormente a gente pensar ou não em um CVC. Entretanto, ainda não é o momento para isso”, finaliza.

As inscrições do Banritech Fly já estão abertas, e o edital pode ser acessado por este link.

 

Marcas lançam campanhas de Dia dos Pais estreladas por ex-atletas

Por Redação Máquina do Esporte

 

O Dia dos Pais será comemorado no próximo dia 10 de agosto, e diversas marcas estão aproveitando a data para ativar patrocínios e divulgar novos produtos. Centauro, Track&Field e Itaú revelaram campanhas com ex-atletas que se baseiam justamente na paternidade.

 

Centauro

A Centauro lançou uma campanha para o Dia dos Pais com a participação do ex-jogador Diego Ribas, com seu pai e seu filho. Chamada de “Legado que leva pra vida”, a peça reforça o esporte como elo afetivo que atravessa gerações.

A campanha está no ar desde o dia 17 de julho e seguirá ativa até 10 de agosto em todos os canais da marca e nas 227 lojas físicas da Centauro.

“Mais do que vender produtos, queremos mostrar que o esporte tem o poder de unir pais e filhos. Existe um legado emocional que se constrói em quadras, pistas e campos feito de afeto, histórias e rituais. É essa conexão que queremos celebrar”, explicou Gleyce Oliveira, diretora de marketing da Centauro.

 

Track&Field

A Track&Field conta com Cesar Cielo para a campanha de Dia dos Pais. Um dos maiores nomes da natação brasileira e único dono de um ouro olímpico na modalidade até hoje (Ana Marcela Cunha é de águas abertas, considerado outro esporte olímpico), o ex-atleta aborda as maneiras que o esporte fortalece seus laços de paternidade na campanha.

Chamada de “A Maior Aventura da Vida”, a ação foi pensada para apresentar a paternidade como uma aventura vivida por meio do movimento compartilhado e de um estilo de vida saudável.

Cesar Cielo compartilha reflexões sobre paternidade, esporte e os desafios de conciliar uma carreira de alta performance com a criação dos filhos em uma conversa com o triatleta Thiago Vinhal, que também é patrocinado pela Track&Field.

 

Itaú

O Itaú Empresas, unidade de negócio do Itaú Unibanco voltada ao atendimento de pequenas e médias empresas, aproveitou o Dia dos Pais para lançar o Itaú Emps, solução voltada para pequenos empreendedores e profissionais autônomos que buscam autosserviço e apoio na gestão financeira dos negócios.

Para o lançamento, o banco promoveu uma conversa em que Ronaldo Nazário, ex-jogador, empresário e embaixador do Itaú Empresas, apresenta a funcionalidade para o filho Ronald, DJ, produtor musical, responsável pela gestão das redes do pai e ainda criador de conteúdo.

“O Itaú Emps chega para ser o sócio dos pequenos negócios com uma identidade jovem, acessível e conectada com as novas formas de empreender. Para materializar essa evolução, decidimos seguir a narrativa do Ronaldo e trazer seu filho Ronald para apresentar esse segmento”, contou Aline Bozzi, superintendente de marketing do Itaú Unibanco.

O encontro entre Ronaldo e Ronald foi veiculado nas redes sociais. Com o objetivo de amplificar a visibilidade do lançamento, influenciadores também participam da campanha com conteúdos.

 

‘Cadê o Manual ?’: Geração Z encara a crise dos 25 anos

Por Redação CNBC

 

Para muitos jovens, especialmente quem faz parte da Geração Z, aquilo que sempre disseram que seriam os melhores anos da vida acabou sendo bem diferente do esperado.

Pra começar, os Estados Unidos enfrentam um problema sério de solidão, que afeta os jovens adultos muito mais do que as gerações anteriores. Só 17% dos americanos com menos de 30 anos dizem ter relações sociais profundas. E aquela velha curva da felicidade, em formato de U, está mudando: agora, adultos entre 18 e 25 anos parecem menos felizes até do que pessoas de 40 e 50 anos.

 

Desafios e pressões da crise dos 25 anos para a Geração Z

Quem está na faixa dos 20 e poucos anos está terminando os estudos, começando a trabalhar e, com sorte, saindo da casa dos pais. É uma fase em que “os jovens enfrentam muitas dificuldades, o mundo é bagunçado e difícil, e as expectativas são altas”, afirma Sadie Salazar, terapeuta e diretora de operações da Sage Therapy.

Ao contrário das gerações anteriores, a Geração Z está lidando com desafios e frustrações intensas — aquilo que muita gente já chama de “crise do quarto de vida” — e tudo isso muito mais cedo do que se imaginava.

“Não invejo a Geração Z. Claro que toda geração que veio antes vai dizer: ‘Eu também tive que passar pelas fases da vida’”, comenta Salazar, que é millennial e tem 30 e poucos anos.

“Mas a quantidade de pressões e fatores que pesam sobre a Geração Z hoje, na minha opinião, não tem comparação.”

O CNBC Make It conversou com jovens da Geração Z, entre 25 e 29 anos, sobre esse momento da vida e perguntou quais são os maiores desafios. Veja o que eles disseram.

 

Geração Z fala sem filtro sobre a crise dos 25

Darius, 27 – “Cadê o manual?”

Nafeesa, 29 – “Queria voltar a não ter conta pra pagar.”

Tiona, 28 – “Tá muito difícil fazer minha carreira decolar do jeito que eu quero porque o mercado de trabalho tá péssimo. Fora ficar questionando todas as decisões que você já tomou na vida, carreira que não anda, vida amorosa indo pro ralo e, no geral, nada sai como planejado.Dos 25 até o fim dos 20 é punk, sério. Não tem como dourar a pílula. É complicado demais. Só tô torcendo pra que meus 30 sejam melhores.”

T’Nya, 27 – “Só é difícil porque sinto que já devia ter tudo resolvido. Mas, na real, minha vida tá só começando. Tô tentando achar um meio-termo. E também aprendendo a ser mais gentil comigo mesma.”

Faiza, 29 – “Isso aqui não é fácil, não, irmão.”

Leah, 26 – “Não consigo emprego na minha área, mesmo já tendo mandado currículo pra mais de cem vagas só nos últimos três meses. Não vou desistir, mas o peso nas costas é grande.”

 

Como é estar na metade dos 20

Durante a crise dos 25, as pessoas podem sentir emoções bem pesadas, explica Jasmine Trotter, terapeuta da Geração Z de 28 anos, da Wild Cactus Therapy.

Nessa fase, segundo Trotter e Salazar, é comum:

– Sentir a pressão para descobrir qual é o propósito da vida

– Ter crises de estresse ou ansiedade

– Ficar indeciso diante de decisões grandes, como onde morar ou quando construir família

– Se frustrar com o ponto em que está na vida

– Ficar sobrecarregado tentando fechar as contas do mês

– Sofrer com perdas e sentir saudade da versão antiga de si mesmo, ao entrar na vida adulta

Entrar na vida adulta traz outros desafios, como se firmar na profissão, encontrar um parceiro ideal e alugar o primeiro apartamento. Tudo isso pode ser ainda mais complicado por causa dos fatores sociais, econômicos e políticos, ressalta Salazar.

“Eu não gostaria de estar nos meus 20 e poucos anos procurando emprego como a Geração Z”, ela completa.

 

Dicas de terapeutas para atravessar a crise dos 25

Para sobreviver a essa fase, Trotter acredita que o primeiro passo é pegar mais leve consigo mesmo e evitar comparações, especialmente nas redes sociais. “Não compare os seus bastidores com o palco dos outros”, diz Trotter.

“Cada um tem seu tempo. Não precisa se comparar, porque você não sabe o que acontece na vida dos outros, mas sabe o que tá rolando na sua.”

Salazar recomenda criar hábitos diários que tragam estabilidade e inserir isso na rotina. Pode ser uma atividade física que você gosta ou até uma ligação semanal com um amigo. Segundo ela, ter um ritual constante pode dar uma sensação maior de controle sobre a própria vida.

“Não precisa ser nada chique nem caro”, diz Salazar. “Geralmente, o que é constante ajuda a gente a ficar com o pé no chão numa fase da vida em que tudo parece meio incerto e caótico.”

Salazar também recomenda, sempre que possível, procurar um profissional de saúde mental, como um terapeuta, que pode ajudar a atravessar esse período complicado.

“A crise dos 25 de uma pessoa nunca é igual à de outra. Ela pode ter várias caras, dependendo do que você tá vivendo”, explica.

“A terapia pode ajudar bastante nisso, tanto na análise quanto pra desenvolver autoconhecimento. Também pode ser útil pra aprender habilidades que te ajudem a lidar com sintomas específicos que aparecem nessa fase da vida.”

 

Setor de mídia OOH fatura R$ 5,5 bilhões e se consolida como terceiro meio mais planejado no Brasil

Por Ian Cândido

 

O setor de mídia Out of Home (OOH) tem um impacto significativo na economia brasileira e já atinge um faturamento aproximado de R$ 5,5 bilhões, conforme aponta um estudo encomendado pela Associação Brasileira de Mídia Out of Home (ABOOH), pela Central de Outdoor e pela Federação Nacional da Publicidade Exterior (Fenapex).

A pesquisa, conduzida pela Tendências Consultoria em parceria com as entidades do setor, mostra que a maioria das empresas de OOH são de médio porte, representando 51% do total, enquanto 40% são micro e pequenas empresas e apenas 9% são grandes companhias. O estudo também aponta um crescimento expressivo da mídia OOH nos últimos anos, consolidando-se como o terceiro meio mais planejado pelos anunciantes e alcançando uma penetração de 89% no território nacional.

Para cada R$ 1 milhão investido, são gerados R$ 835 milhões para o PIB, R$ 298.891 em salários e R$ 77.701 em arrecadação tributária. Leandro Formigone, vice-presidente da Fenapex, destaca que o impacto da mídia OOH vai além das empresas exibidoras, atingindo toda uma cadeia de fornecedores, como gráficas, fabricantes de LED, desenvolvedores de software e instaladores de painéis publicitários.

O crescimento do OOH tem impulsionado a criação de novos empregos diretos e indiretos. A instalação de painéis publicitários, por exemplo, gera em média 20 novos postos de trabalho para cada R$ 1 milhão investido. O setor também estimula a demanda por transporte, energia elétrica e materiais gráficos, criando um efeito multiplicador que se propaga por diversas áreas da economia.

 

Diferentes formatos

Isso porque os formatos de mídia mais comuns são os grandes painéis em áreas privadas, utilizados por 68% dos contratantes consultados durante a pesquisa. Esses formatos são considerados uma das formas mais eficazes de impactar o público, com 59% das empresas apontando sua relevância. Para dois terços das companhias, a receita gerada por esses grandes formatos representa entre 80% e 100% do faturamento.

Os anúncios em estabelecimentos como shoppings, farmácias, restaurantes e supermercados atingem 72% das pessoas, seguidos por campanhas em transportes (64%), mobiliário urbano (63%) e grandes formatos (59%). Halisson Pontarolla, presidente da Central de Outdoor e CEO da Outdoor Mídia, ressalta que a crescente estruturação do setor tem contribuído de forma estratégica para a economia e gerado oportunidades para milhares de pessoas.

O impacto do setor se reflete diretamente no comportamento do consumidor. Dados indicam que 68% das pessoas que visualizam anúncios em OOH já compraram ou pesquisaram sobre um produto anunciado, demonstrando sua efetividade como ferramenta de engajamento e construção de marca. A crescente demanda por espaços publicitários em mobiliário urbano, transportes públicos e estabelecimentos comerciais reforça a importância do OOH na comunicação das marcas.

 

Aos 100 anos, O Globo aposta em IA e novas receitas

 

O Globo completa 100 anos nesta terça-feira, 29, de olho no próximo centenário, como evidencia a campanha de comemoração da data, em circulação neste mês. Com o conceito é “100 anos de história. Ano 1 de futuro”, o trabalho, idealizado pela Asia, aborda temas como a habilidade de reinvenção do jornal, além de iniciativas marcantes, como a criação do Dia dos Pais, em 1953, e o apoio direto aos primeiros concursos de escolas de samba do Rio de Janeiro, na década de 1930.

A celebração dos 100 anos contou com vários eventos ao longo de 2025. Na semana passada, houve o lançamento do livro Um século de histórias. Com curadoria de Míriam Leitão e prefácio de Alan Gripp, diretor de redação do jornal, a obra reúne 11 jornalistas que ajudaram a construir a reputação do jornal. O aniversário de um século do jornal também foi o mote para a série O Século do Globo, feita por Pedro Bial, que foi exibida na TV aberta e está disponível no streaming Globoplay.

Segundo o diretor-geral da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio, Frederic Kachar, a longevidade é resultado de “muita disciplina com a própria essência e valores”. O compromisso com a informação, a educação da sociedade e o que chama de “obsessão pela inovação tecnológica” são apontados como alguns desses trunfos na trajetória do periódico.

“Houve vários momentos em que O Globo foi pioneiro, como na transmissão de fotos, adoção de cores no jornal e na criação de eventos. Só chegamos até aqui justamente pela disciplina, pela capacidade de antever mudanças na sociedade e por nos obrigarmos a desenvolver novas formas de manter essa essência viva”, diz.

A reformulação seguiu as necessidades impostas pelo tempo, ressalta o executivo. Da época em que o impresso representava a totalidade da receita ao impacto da internet, com implementação de assinatura online, e popularização dos smartphones, uma série de novos produtos foi, gradativamente, criada pe- lo jornal, que viu o faturamento digital crescer a partir dessa diversificação de soluções oferecidas ao mercado.

 

Receita de O Globo

Em termos de faturamento, a avaliação da sustentabilidade do veículo ocorre a partir de dois conceitos: receita legada e receita nova. O legado, como o próprio nome indica, diz respeito ao que está relacionado ao papel, o que inclui iniciativas como branded content. Já a receita nova resulta de tudo aquilo que é construído no ambiente digital e de experiências, que é o caso dos eventos.

Kachar afirma que, com a inegável queda da adoção do papel como plataforma de leitura de notícias no mundo inteiro, mais de 50% dos ganhos atuais de O Globo estão associados a novos formatos digitais. Mesmo assim, acrescenta, sem especificar percentuais, os resultados do impresso também apresentam crescimento.

“Para o caso de publicidade, estudamos e testamos hipóteses de como criar proposta de valor nesse ecossistema digital mais amplo e complexo. Agora, a inteligência artificial (IA), talvez, seja a maior complexidade de todos os tempos. Ela vai bagunçar o tabuleiro todo de redes e o nosso foco é como manter relevância em todos esses ambientes”, comenta.

Nesse contexto estratégico, a regra básica é óbvia e bastante conhecida no histórico do jornal: ninguém vai pagar por algo que é oferecido gratuitamente pela concorrência. “À medida que surgem novos territórios, somos forçados a pensar em como criar conteúdo que engaje, que o consumidor veja valor e que não esteja disponível grátis no vizinho. É nisso que estamos debruçados no momento”, diz o diretor-geral da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio.

 

Posição do papel

Mesmo sem falar em prazos, o executivo é direto ao dizer que a edição impressa jamais será subsidiada, questão sempre levantada em relação ao futuro do papel na estratégia de O Globo. Ou seja, o fim da publicação física ocorrerá quando ela não fizer mais sentido econômico para a companhia.

“Entendi que a pergunta que eu deveria me fazer não era quando o impresso vai acabar, mas se O Globo continuará existindo sem o papel e, desde meados de 2010, estamos avaliando o nosso negócio nesse sentido. O que posso dizer é que já reunimos volume de diversificação de receitas que nos permite tocar mais 100 anos sem o papel, porque direcionamos nossa estratégia para não depender de nenhuma plataforma específica”, assegura.

Ainda que a circulação física se extinga em algum momento, Kachar acredita que a organização das reportagens em uma edição digital terá vida mais longa, conforme o monitoramento da base de assinantes. “Produzimos muito mais conteúdo do que sai no nosso impresso. O que está lá é uma curadoria do que achamos importante e temos visto que as pessoas gostam dessa organização”, salienta.

Sobre a modernização do periódico, O Globo lida com a IA sob duas perspectivas. Uma é interna, para fins de aumento de produtividade, especificamente em atividades “de baixo valor agregado ou sofisticação intelectual”, prática adotada, de acordo com o executivo, por todo o Grupo Globo. A segunda perspectiva engloba estudos de como a tecnologia pode ajudar a criar possibilidades de produtos, sempre sob supervisão humana. No ano passado, por exemplo, o jornal lançou o projeto Irineu, que incluiu nas matérias do site um botão para que, por meio de IA, os leitores conseguissem acessar um resumo curto dos textos.

Além disso, na Editora Globo, o site do jornal Valor já pode ser traduzido para inglês por meio de aplicação da ferramenta. “A IA vai nos possibilitar uma coisa que tentamos há muito tempo e que, agora, vai para outro patamar: a personalização da jornada. Será quase como um jornal customizado para cada um, porque vamos poder ir com mais profundidade nas referências e modelos preditivos”, diz Kachar.

O otimismo, porém, depende do estabelecimento dos padrões regulatórios, principalmente pelo fato de o setor lidar com propriedade intelectual e direitos autorais. Com isso, enquanto não se resolve essa parte mais crítica, a implementação das ferramentas caminha no terreno mais óbvio, que é o ganho de produtividade e melhoria de produto. “Em qualquer negócio que tenha propriedade intelectual, precisamos ter algum grau de proteção”, afirma o executivo.

 

Novas gerações

Outro ponto de atenção que ganha relevância atualmente é a relação do jornalismo com as novas gerações. Para Kachar, ainda que a estética seja uma premissa, o compromisso maior sempre foi com a precisão da informação, abrangência da apuração e qualidade do conteúdo, o que é de se esperar de uma empresa composta por jornalistas.

Entretanto, uma das lições aprendidas com o sucesso dos creators nas redes sociais é a maneira de se comunicar intimista, humana e capaz de engajar a comunidade. “Para a geração Z (GenZ), a forma é muito importante. Sem perder todos os nossos valores editoriais, estamos mais preocupados com isso agora”, diz.

A forma encontrada para trabalhar essa aproximação com a GenZ foi incluir esse tópico nos programas de estágios e trainee. Assim, em vez de avaliar apenas a competência da escrita dos candidatos, há dois anos a seleção passou também a examinar a aptidão de comunicação nesses territórios, interiorizando dessa forma o tipo de competência.

“O que nos falta e que estamos no caminho é saber as linguagens. Não adianta estar no TikTok ou YouTube com uma linguagem que não é apropriada para aquele ambiente. Esse é o caminho para atrair as novas gerações. Temos que ter versatilidade, mas sem nunca abrir mão dos nossos valores”, afirma Kachar.

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