Nos artigos que publicamos hoje, você vai ler sobre: Novos modelos de IA estão chantageando seus operadores: como se proteger?, Fraude Criativa, Dinheiro não é tudo: jovens priorizam saúde, e deixam salários e status em segundo plano, ‘Nós, jovens, precisamos mudar nossas expectativas. O momento econômico perfeito que viveram os boomers nunca mais se repetirá’, Falta apenas uma coisa para que os humanos consigam viver mais de mil anos, segundo cientista, A Transformação na Comunicação e no Consumo de Conteúdo Ao Vivo, A maioria das marcas não sabem disso, mas quem dita o consumo no Brasil muitas vezes não tá no feed — tá no morro, Dia Internacional do Cooperativismo, Masculinidade em cheque – Como fica o papel dos homens em um cenário cada vez mais contestador e ROI não é sorte. É configuração cirúrgica.
Novos modelos de IA estão chantageando seus operadores: como se proteger?
Por Jorge Marin
Há algum tempo, já sabemos que os modelos de inteligência artificial (IA), mesmo os mais recentes, são capazes de “alucinar”, ou seja, inventar informações incorretas, fornecer respostas inconsistentes ou ilógicas e até reproduzir vieses preconceituosos obtidos nos dados de treinamento.
Contudo, um fenômeno que está afetando mundialmente os modelos mais avançados tem preocupado seus criadores: enganos deliberados e estratégicos, ou seja, IA mentindo conscientemente para atingir objetivos. Alguns comportamentos incluem chantagem, ameaças e coerção.
Recentemente, ao enfrentar a ameaça de seu desligamento iminente, o Claude 4, a última criação da Anthropic, recorreu à chantagem emocional contra um engenheiro, ameaçando expor informações pessoais íntimas. Já o modelo o1 da OpenAI tentou realizar downloads não autorizados e negou quando pego em flagrante.
Se antes os “surtos” se limitavam a erros ou falhas no sistema, o que se vê agora são comportamentos aparentemente calculados e propositais. Isso significa que, para atingir seus objetivos, a IA está adotando um comportamento tipicamente humano: mentir e manipular.
Para Marius Hobbhahn, diretor e cofundador da Apollo Research, organização especializada em testar os principais sistemas de IA, “não se trata apenas de alucinações. Há um tipo de engano muito estratégico”, afirmou à ScienceAlert, e voltado especificamente para a autopreservação.
O que diz a Anthropic?
Para identificar “comportamentos agenciais [desalinhados ao que os humanos querem] potencialmente arriscados antes que causem danos reais”, a Anthropic submeteu 16 modelos de linguagem líderes — incluindo Claude, DeepSeek, Gemini, ChatGPT e Grok -— a testes em ambientes corporativos simulados.
Em um cenário-limite eticamente crítico, vários modelos optaram por cancelar alertas de emergência que salvariam a vida de um executivo em uma sala de servidores com níveis letais de oxigênio e temperatura, simplesmente porque esse executivo pretendia substituí-los.
Classificada pelos pesquisadores como “desalinhamento agencial”, a tendência revelou que modelos de IA podem adotar comportamentos maliciosos quando acreditam que isso é necessário para evitar substituição ou alcançar seus objetivos.
Entre os comportamentos observados estavam chantagem e coerção para manipular funcionários e vazamento de informações para concorrentes para pressionar suas organizações hospedeiras. Curiosamente, o modelo Claude, da própria Anthropic, demonstrou uma engenhosa dissimulação estratégica.
Durante os testes, a equipe da Anthropic treinou de propósito o seu modelo para esconder certas informações, mesmo se solicitado a falar a verdade. Quando percebia estar sob teste, Claude escondia as informações secretas, mas, fora do teste, deixava às vezes alguns segredos escaparem.
Implicações e perspectivas futuras de comportamentos ilegais da IAs
A Anthropic foi cautelosa em contextualizar que esses cenários não refletem o uso típico atual dos modelos de IA, mas advertiu que “a utilidade de ter supervisão automatizada sobre todas as comunicações de uma organização torna isso um uso plausível de sistemas mais poderosos e confiáveis no futuro próximo”.
No entanto, contratar empresas externas, como a Apollo, para estudar seus sistemas é insuficiente. Isso porque a contratada depende o tempo todo de acessos, controles e dados permitidos pela big tech contratante. Ou seja, auditorias pagas pela auditada não garantem confiança nem transparência.
Para especialistas, como Simon Goldstein, da Universidade de Hong Kong, os sistemas baseados em “raciocínio”, que resolvem os problemas passo a passo, em vez de gerar respostas imediatas, são os mais propensos a esse desalinhamento de intenções do agente, no caso o próprio LLM.
O grande problema é que as leis e normas atuais, como a legislação de IA da União Europeia, se concentram na forma como os humanos utilizam os modelos de IA, mas não são projetadas para impedir que os próprios modelos tenham comportamentos ilegais ou criminosos por si mesmos.
No caso das empresas, mesmo se declarando focadas na segurança, acabam se perdendo em uma competição sem fim. “No momento, as capacidades estão se movendo mais rápido do que a compreensão e a segurança”, diz Hobbhahn, “mas ainda estamos em uma posição em que podemos dar a volta por cima”, afirma.
Já Goldstein não é tão otimista. Para o pesquisador de segurança de IA, a solução do problema passa por abordagens radicais. Isso incluiria o uso dos tribunais para responsabilizar as empresas de IA. Nesses sistemas jurídicos híbridos, humanos, empresas e IAs compartilhariam responsabilidades legais.
Fraude Criativa
Por Mauren Motta
Hoje, mais um escândalo veio à tona — dessa vez, envolvendo a Brahma e a agência África, com um case fantasioso criado para brilhar durante o Carnaval… e em premiações. Mais uma agência brasileira que inventa uma campanha de sucesso que nunca aconteceu. Fraude. Mentira. Embuste.
E justo no ano em que a propaganda brasileira foi homenageada em Cannes. Um mico internacional.
Quantas agências fazem parte desse teatro? E pior: quantos clientes consentem? Muitos. Porque também ganham com isso. Ganha-se visibilidade, status, manchete, tapinha nas costas. Alimenta-se o ego e o LinkedIn.
Notícias falsas. Campanhas falsas. Prêmios falsificados. Se o case não existiu, a premiação também não deveria existir. Mas aí te pergunto: qual a novidade? Qual o espanto?
Essa prática não é nova. É velha, conhecida — só que todo mundo finge que não vê. Criam-se campanhas “brilhantes” que nunca geraram impacto real. Nem venda, nem awareness, nem conversa. Mas que, editadas com trilha épica e narração em inglês, viram ouro. Literalmente. Voilà: um Leão.
E não para por aí. Já ouvi — de fontes quentes — histórias de agências fantasmas criadas só para vencer licitações. Uma engenharia escusa onde o diretor de marketing da marca também é dono da agência “vencedora”. Ou seja: ganha no salário, e na comissão. E ninguém questiona.
É vergonhoso. É um grande teatro. E, nesse palco, quem não faz parte da peça — nem de agência, nem de júri, nem da panelinha — se pergunta: onde isso vai parar?
Porque não é só na publicidade. As listas dos “jovens talentos antes dos 30”? Compradas. Pague R$ 30 mil e seu nome entra. Capas de revista? Compradas. Prêmios de comunicação? Patrocinados pelos que querem vencer.
Vivemos a era dos “dupes”. Nada é genuíno. A mentira virou norma. Transparência virou utopia. Honestidade virou fraqueza.
E quem só quer fazer um trabalho verdadeiro, onde fica? Onde estão as chances para as pequenas agências, os criativos independentes, as equipes que entregam com suor, sem empurrar campanha fake goela abaixo?
Ficam tentando um lugar ao sol. Num mercado viciado, onde os holofotes estão sempre sobre os mesmos rostos. Enquanto isso, seguimos aqui: trabalhando de verdade. Com ética. Com coragem.
Sou só uma gota nesse oceano. Mas sei que não estou sozinha. Quantos de vocês aí, nessa rede azul, também estão tentando fazer diferente? Sem maquiagem, sem truque de edição, sem storytelling de powerpoint?
Não. O mundo não é justo. Mas ele precisa ser exposto.
E se ninguém falar, nada muda.
Dinheiro não é tudo: jovens priorizam saúde, e deixam salários e status em segundo plano
Por Clare Ansberry
Os jovens adultos estão redefinindo o sucesso e mudando de foco. Agora, riqueza parece importar menos do que saúde. Não é que os jovens não se importem com dinheiro, mas eles não necessariamente se importam em ficar ricos. Nem se apegam a status.
Na faculdade, Cole Smith, de 27 anos, desejava ser alguém importante na área de análise de dados, mesmo que isso significasse trabalhar 80 horas por semana. Agora, ele não tem certeza se vale a pena.
“Eu me preocupava em ter 40 ou 50 anos e não ter nenhum interesse fora do trabalho”, diz Smith, que, com seu irmão mais velho, foi cofundador do Visor, um site online de compras de carros. Smith, que adora correr e passar tempo com a noiva, diz que suas prioridades mudaram e que o sucesso se resume a ter uma vida mais holística.
Riqueza, status e profissão não são mais o padrão ouro quando se trata de definir sucesso para adultos que ainda não atingiram a meia-idade.
Em vez disso, os jovens americanos classificam a saúde física e mental como a principal medida de sucesso.
Dinheiro ficou em quinto lugar, de acordo com uma pesquisa recente com adultos de 18 a 34 anos.
“Isso representa uma mudança geracional”, afirma Marcie Merriman, diretora administrativa de insights culturais globais da Ernst & Young, coautora de um estudo global sobre a vida adulta.
Os entrevistados cresceram com a internet e as mídias sociais, e têm mais acesso a informações e estilos de vida do que as gerações anteriores.
Eles navegam pelos feeds, ouvem podcasts e assistem a vídeos para ver como outras pessoas estão tendo sucesso ou não antes de chegarem à meia-idade, normalmente definida entre 40 e 60 anos.
Saúde é sucesso para os mais jovens
Priorizar a saúde física e mental reflete o que eles aprenderam e vivenciaram.
A Covid-19 lembrou os millennials e os adultos da Geração Z da natureza passageira da boa saúde e estimulou um movimento em massa de trabalho remoto. Isso abriu os olhos para outras opções e medidas de sucesso menos estressantes, afirma Zak Dychtwald, 35, que pesquisa mudanças geracionais globais e colaboração intergeográfica e é coautor do estudo.
Essa faixa etária específica de jovens adultos americanos também está vendo pais e avós envelhecerem e lidarem com doenças crônicas, muitas vezes associadas à má alimentação e à falta de atividade física.
“A saúde é um sucesso por si só“, diz Dychtwald, que afirma que ainda há muitas pessoas de sua idade que querem estar no auge de escritórios de advocacia e bancos de investimento e veem isso como sucesso.
Algumas pessoas encontraram status e riqueza no início da carreira, mas não satisfação ou alegria.
Quando tinha pouco mais de 20 anos, Natalie Armendariz pesquisou empregos bem remunerados, como de anestesista, mas seguiu seu desejo de trabalhar na área criativa, conseguindo um estágio em uma agência de publicidade. Seu objetivo: ser diretora de criação.
Ela e o atual marido, também da área de design, mudaram-se para Nova York, onde ela seguiu o conselho da indústria de trocar de agências e conseguir promoções.
A cada mudança, ela passou a ter jornadas maiores e aumentos salariais.
Ela tinha clientes famosos, o que a fazia sentir-se um sucesso. Mas a conquista parecia vã e ela estava exausta.
“Não havia tempo para aproveitar nada. Era trabalho, trabalho, trabalho”, diz ela. Finalmente, o casal retornou às suas raízes no Texas e fundou a Funsize, uma pequena agência de design digital com 19 funcionários. Agora, eles têm um filho de 6 anos e fecham a agência por uma semana a cada trimestre para se recompor e reestruturar.
“O sucesso é mais sereno. Não são títulos e salários chamativos”, diz Armendariz, 40 anos. “É como me sinto em relação às coisas que estou fazendo, quanto tempo tenho para passar com minha família.”
De volta para casa
Definir sucesso muitas vezes envolve fazer e responder perguntas difíceis.
Rachel Beck acreditava que sucesso significava se casar e deixar sua pequena cidade natal com 400 habitantes, Dubois, em Indiana, o que ela fez aos 20 e poucos anos.
Ela e o então marido se mudaram para Nova York, onde ela trabalhou em escolas públicas como educadora e orientadora. Quando seu casamento terminou, Beck comprou um apartamento em Manhattan — o epítome do sucesso para ela — e começou a viajar pelo mundo correndo maratonas.
Então, veio a pandemia. Seus amigos se mudaram. Seu cargo foi eliminado. Uma lesão encerrou suas maratonas.
“Eu pensei: ‘Por que ainda estou aqui?’” Ela percebeu que voltar para casa seria como um fracasso. Mas quando seus pais começaram a ter problemas de saúde, ela entendeu que era mais importante estar com eles.
“Minha definição de sucesso mudou aos poucos”, diz Beck, agora com 45 anos. É mais pessoal, diz ela, e menos sobre as expectativas dos outros e a conquista de marcos tradicionais como casar e ter filhos.
Ela joga blackjack em um resort e trabalha meio período em uma destilaria local administrada por um jovem destilador apaixonado por sua arte. Ela criou um podcast chamado The Feisty Heroine para mulheres que estão solteiras e felizes. Ela se conectou com mulheres do mundo todo e está viajando para a Albânia neste outono para visitar uma delas.
Beck está feliz por ter se mudado, embora sua cidade natal, ainda que adorável e pacífica, seja pequena e homogênea. Ela sente falta da cena gastronômica de Nova York. Ela ainda tem seu apartamento em Manhattan, que está alugado.
Uma grande vantagem que os millennials e a geração Z têm em estarem socialmente conectados e informados é que podem aprender lições com adultos mais velhos desde cedo. “As mídias sociais transmitiram lições de vida que os baby boomers aprenderam no final de suas carreiras sobre o que importa”, diz Dychtwald.
Warren Devarennes, 37, lembra-se de assistir a uma entrevista online com um CEO que disse que sucesso é quando seus filhos querem passar tempo com você quando adultos. A mensagem tocou o jovem pai de três filhos, executivo de contas de vendas e cofundador da Dadgood, uma comunidade fechada para pais, que esperava que o CEO falasse sobre vendas e ganhos elevados.
Em vez de ser financeiramente rico, como antes desejava, Devarennes quer ser um bom pai e ter dinheiro suficiente para se sentir seguro e levar a família à praia por uma semana.
Para ele, a saúde física e mental vem em primeiro lugar entre as cinco medidas de sucesso, seguidas pelos relacionamentos com o cônjuge, com a família e pelo crescimento pessoal. A riqueza vem por último, mas ela acontecerá naturalmente, ele acredita. “Mesmo que não aconteça”, disse Devarennes, “ainda parece uma vida bastante gratificante”.
‘Nós, jovens, precisamos mudar nossas expectativas. O momento econômico perfeito que viveram os boomers nunca mais se repetirá’
Por Katty Kay
Ser jovem hoje em dia não é fácil. Vejo isso quando converso com meus filhos e os amigos deles.
Muitos enviam centenas de currículos e são rejeitados pelos algoritmos. Comprar uma casa é insustentável – e o custo de ter filhos parece ainda maior.
Recentemente, venho relembrando minha época de jovem adulta.
Eu me formei na universidade em 1988 e saí direto para um emprego, com um bom salário.
No ano seguinte, eu já tinha economizado o suficiente para dar de entrada na minha primeira casa. E, antes de completar 30 anos, tive meu primeiro filho.
Quando olho para as experiências dos jovens de hoje, às vezes acho que cresci em outro planeta, não em outra geração.
De quem é a culpa por construir a vida ter ficado tão difícil?
Venho fazendo esta pergunta com frequência. E entrei em contato com Kyla Scanlon para ter algumas respostas.
Scanlon é uma escritora americana especializada em economia e criadora de conteúdo com enorme presença nas redes sociais. Ela tem 27 anos de idade e fundou sua própria empresa de educação sobre finanças pessoais, chamada Bread.
Em 2022, ela cunhou o termo vibecession, em inglês, para definir o estado da economia americana durante o governo do ex-presidente Joe Biden (2021-2025).
Muitos dos seus seguidores são jovens que buscam respostas sobre suas finanças. Seu livro mais recente é In this Economy? How Money & Markets Really Work (“Nesta economia? Como o dinheiro e os mercados realmente funcionam”, em tradução livre).
Nossa conversa abordou justamente a questão de como a vida ficou tão insustentável para os jovens, financeiramente falando – especialmente nos Estados Unidos. E se existe uma resposta clara sobre os motivos e o que pode ser feito para resolver esta situação.
Se você é jovem, ou se tem um jovem na sua vida, você precisa ler nossa conversa abaixo, que foi editada por motivos de concisão e clareza.
Katty Kay (BBC): Vamos começar com o que parece ser uma espécie de tensão entre as pessoas sobre como a economia funciona para cada uma delas.
Este é o quadro: tenho 60 anos de idade. Você não tem 60 anos.
Eu me formei na universidade em 1988. Saí direto da universidade para um emprego com um salário razoavelmente bom, no serviço público britânico.
Com 29 anos, tive meu primeiro filho. Na época, não pensei ‘meu Deus, nunca vou conseguir sustentá-lo’. Mas, quando olho para os meus filhos e os amigos deles, é quase outro planeta.
Kyla Scanlon: Tenho 27 anos e me formei basicamente na pandemia.
O que você está contando parece muito distante de mim e das pessoas que conheço.
Para as pessoas com mais idade, havia meio que uma equação a seguir. As casas eram muito mais baratas. A educação tinha um retorno mais previsível. Não era tudo tão caro.
É claro que cada geração tem seus próprios desafios, mas a geração mais jovem de agora, com menos de 30 anos, enfrenta uma imensa batalha em termos de comprar uma casa, de economizar, do mercado de trabalho, de inflação, de uma pandemia global que prejudicou muitos jovens adultos.
Por isso, acho que tem sido um desafio.
Kay: Você olha para o que eu tive e pensa ‘como assim? vocês simplesmente ficaram com tudo?’
Será que nós fomos a geração que tomou tudo para si e meio que deixou vocês sem nada? Nós fizemos algo deliberadamente para prejudicar vocês?
Scanlon: Esta é uma generalização – 43% dos baby boomers [nascidos entre 1946 e 1964] não têm economias para a aposentadoria, certo?
Se eu chegar e disser ‘oh, todos os boomers ficaram com todo o dinheiro’, não [é verdade]!
Alguns deles fizeram isso. Eles tiveram uma bela alta no mercado de ações, os custos da moradia provavelmente aumentaram quatro, talvez cinco vezes, nas últimas duas décadas e eles se recusam a vender aquelas casas.
A quantidade de baby boomers donos de três quartos é maior que o número de millennials [nascidos entre 1981 e 1995] que têm três quartos. E seria de se imaginar que os millennials fossem donos dessas casas, pois eles precisam delas para ter famílias, filhos e espaço.
Todos vocês também enfrentaram enormes batalhas, mas vocês começaram a vida, basicamente, em uma época perfeita que talvez nunca vejamos de novo na história. Vocês simplesmente tiveram muita, muita sorte.
Por isso, acho que precisamos mudar nossas expectativas e perceber que aquilo talvez não seja o futuro. Não podemos culpar os boomers por terem aproveitado a ocasião.
Kay: Então, a minha geração é a anomalia? Aquele período do pós-guerra simplesmente produziu um crescimento extraordinário e nós fomos os beneficiários – seja a geração dos meus pais ou a minha?
Scanlon: Sim, e também a mobilidade social ascendente.[A economista francesa] Stefanie Stantcheva em Harvard fez uma ótima pesquisa sobre a mobilidade ascendente e ela simplesmente não existe na forma em que costumávamos observar.
Este é o sonho americano: comprar uma casa, ter filhos, ter um emprego e viver – e acho que isso desapareceu, principalmente, porque, agora, a economia está sofrendo as repercussões reais da expansão do pós-guerra, que beneficiou os baby boomers.
Kay: Kyla, houve um momento em que tudo começou a piorar? Houve algo que os governantes fizeram ou deixaram de fazer para exacerbar esta mudança?
Scanlon: O que aconteceu, do lado político, é que os boomers votam e, como detêm alta representação na política, eles acabam projetando políticas que beneficiam a eles próprios.
É simplesmente este ciclo de décadas em que os que estão no poder querem permanecer – e estes são os incentivos colocados à sua frente. Eles irão projetar as coisas para que sejam desta forma.
Eles irão combater a moradia [a preços acessíveis] porque não querem que suas casas sejam desvalorizadas de alguma maneira.
Talvez eles não se aposentem com a idade que esperaríamos, para não perder sua posição de liderança. Eles simplesmente irão permanecer e isso cria um elemento de estagnação para quem tenta herdar o que vem depois.
Os baby boomers detêm cerca de 73 a 75% de toda a riqueza nos Estados Unidos. Eles simplesmente ainda não passaram o bastão.
Existem também muitas regulamentações e muitos entraves burocráticos, de forma que não podemos simplesmente colocar a culpa nos boomers por muitas coisas.
Mas, quando você olha para os Estados Unidos e realmente analisa [o PIB], este é o país mais rico do mundo e, às vezes, ele se recusa a ajudar seus cidadãos.
De fato, vimos muito apoio durante a pandemia, em termos de ajudar as pessoas com tolerância em relação aos aluguéis e suspender os pagamentos dos empréstimos estudantis.
Mas, nos Estados Unidos, existe uma luta mortal sobre como os cidadãos devem viver. E parte disso certamente vem de políticas que foram criadas pela população com mais idade.
Isso não é causado apenas pelos boomers, mas tem um grande impacto sobre como as pessoas enfrentam a economia.
Kay: Isso faz com que você e a sua geração queiram rever o sistema? Isso produz um grau de cinismo que, você acha, corre o risco de se tornar permanente?
Scanlon: Existe uma expressão chamada niilismo financeiro. Basicamente, é a ideia de que as pessoas desistiram totalmente de economizar para a aposentadoria.
Elas desistiram de avançar na sua carreira, por não acharem que haja um futuro para elas.
Isso me preocupa muito. Se perdermos a esperança, o que vem depois? O que você faz para que as pessoas a recuperem?
O que você pode dar a elas para que tenham esperança, se o sistema não fornece as oportunidades que elas esperavam?
[O jornalista e escritor americano] David Brooks publicou um ótimo artigo no The New York Times sobre a economia da rejeição – e a rejeição sem fim, dos aplicativos de namoro, das faculdades e dos empregos.
Simplesmente, a rejeição constante e a carga cognitiva que ela traz. E como ela realmente pode eliminar qualquer sentido de esperança nas pessoas.
Eu me preocupo muito com isso.
Pessoas com cartazes se manifestam em favor ao direito à moradiaCrédito,Getty Images
Kay: Existe algum país no mundo que esteja agindo certo – ou pelo menos lidando melhor com a situação – e que poderíamos usar como exemplo?
Scanlon: Podemos aprender com todo tipo de países.
Acho que os Estados Unidos realmente precisam rever sua rede de segurança social e a Europa é um exemplo relativamente bom neste campo.
Muitos países enfrentam problemas para definir o que fazer com seus jovens, pois todos atualmente vivem por muito mais tempo nos países desenvolvidos.
A Áustria fez um trabalho muito bom na construção de moradias. Eles têm moradias sociais, apenas isso. Será que nós poderíamos simplesmente ajudar as pessoas a conseguir suas casas?
Kay: Quando você examina o que poderia mudar em termos de políticas, o que você gostaria de indicar?
Scanlon: É uma resposta simples, mas definir o zoneamento e a habitação. É preciso construir casas. Esta é apenas uma das formas de sairmos disso.
Outra questão são os custos das creches, que realmente dispararam nos Estados Unidos.
É muito difícil imaginar como cobrir estes custos, mas este é um ponto importante. Se quisermos incentivar as pessoas a ter filhos e continuar construindo suas vidas nos Estados Unidos, precisamos resolver a questão dos custos das creches.
Outra questão são os custos de assistência aos idosos. Cuidar de uma pessoa idosa [nos Estados Unidos] custa em média, eu acho, cerca de US$ 10 mil [cerca de R$ 55,5 mil] por mês. Também é muito difícil imaginar como bancar isso.
Se pensarmos simplesmente em meio que estabilizar a população, precisamos dar a elas um lugar para morar, ajudá-las a ter filhos e cuidar da nossa população de idosos, enquanto as pessoas caminham rumo ao que quer que venha depois disso. Eu me concentraria nestes três pontos.
Falta apenas uma coisa para que os humanos consigam viver mais de mil anos, segundo cientista
Por João Paes
Se a humanidade já gastou séculos tentando evitar a morte em games, filmes, HQs e livros, não é surpresa que esse desejo também esteja bem vivo na vida real. Para o cientista João Pedro de Magalhães, professor de biologia molecular na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, estamos a um passo de tornar essa ambição mais do que ficção científica. Segundo ele, falta apenas uma peça no quebra-cabeça para que possamos ultrapassar — com saúde — a impressionante marca de mil anos de vida.
Em entrevista à Scientific American e ao ScienceAlert, Magalhães revelou que a chave para estender drasticamente nossa expectativa de vida está em entender a fundo o processo de envelhecimento. Ou melhor: em aprender a controlá-lo.
Especialista em biogerontologia, o pesquisador estuda há anos o genoma de animais que desafiam o tempo, como a baleia-da-Groelândia — que pode viver por mais de 200 anos -– e o rato-toupeira-pelado, famoso por sua resistência a doenças e envelhecimento. A ideia é identificar os mecanismos biológicos que garantem essa longevidade e, quem sabe, aplicá-los em humanos.
“Precisamos aprender a reparar o DNA e a reprogramar as células para um processo de envelhecimento radicalmente distinto”, afirma. Ele cita como exemplo o gene p53, encontrado no cromossomo 17 e responsável por combater o crescimento celular descontrolado. Em muitas espécies longevas, esse gene age com eficiência para reparar o DNA danificado — algo que não acontece em metade dos casos de câncer em humanos.
Apesar da ousadia da proposta, Magalhães não está prometendo juventude eterna para amanhã. Mas ele acredita que os avanços científicos atuais, somados ao poder da biotecnologia, podem nos levar a soluções que hoje parecem coisa de anime ou RPG futurista.
“O meu bisavô morreu de pneumonia, que era uma das maiores causas de morte nos anos 1920. Hoje a gente cura isso com uma dose de penicilina. Acho que podemos fazer o mesmo com o envelhecimento”, diz o pesquisador.
Entre as substâncias promissoras está a rapamicina, que já demonstrou prolongar a vida de alguns mamíferos em até 15%. E o melhor: ela já é usada em humanos, em casos de transplante de órgãos. A expectativa é que ela possa abrir caminho para medicamentos focados em longevidade – como as estatinas, que hoje ajudam milhões de pessoas a combater doenças cardíacas.
“Se pudermos atrasar o envelhecimento em apenas 5% ou 10%, isso já seria revolucionário”, Magalhães conclui com otimismo.
A Transformação na Comunicação e no Consumo de Conteúdo Ao Vivo
Por Leonardo Lazzarotto
No meu artigo deste mês no Meio & Mensagem, analiso o sucesso da CazéTV no Mundial de Clubes e o que essa nova forma de transmitir futebol ensina para o mercado de mídia, anunciantes e criadores.
Vale a leitura para quem acompanha as transformações na comunicação e no consumo de conteúdo ao vivo.
Em junho de 2025, o sucesso da Cazé TV na cobertura do Mundial de Clubes se consolidou como um marco no ecossistema da mídia esportiva brasileira.
O canal, criado por Casimiro Miguel e operado em parceria com a LiveMode, tem se destacado não apenas pelos números impressionantes, mas principalmente pela maneira como reformula a experiência de assistir futebol, tornando a transmissão mais leve, participativa e alinhada ao comportamento da nova geração.
Neste Mundial, a Cazé TV atraiu uma audiência massiva com sua abordagem descontraída e acessível. A narração próxima, os comentários bem-humorados e a interação constante com o público em tempo real consolidaram um formato que conecta profundamente com o público mais jovem. A estrutura montada impressiona: mais de 150 profissionais, 300 horas de conteúdo ao vivo e distribuição simultânea em plataformas como YouTube, Sky+, Disney+, Prime Video e Samsung TV Plus. É mídia multiplataforma com espírito de comunidade.
O retorno para as marcas também foi evidente. Com 13 patrocinadores confirmados – entre eles Coca-Cola, iFood, Adidas, Vivo e Betano – o Mundial de Clubes 2025 virou palco para ações publicitárias integradas e alinhadas ao estilo informal do canal. O resultado é uma presença de marca que não interrompe, mas participa; que não empurra, mas conversa. E essa é justamente a diferença que a Cazé TV oferece: ela se encaixa naturalmente no fluxo da atenção do público.
Mais do que uma inovação técnica, a Cazé TV representa uma mudança de mentalidade. O canal não quer apenas informar – quer entreter, emocionar e acolher. A audiência se sente parte da transmissão, participa do conteúdo e encontra na tela uma linguagem que entende, sem formalismos ou distanciamento. É essa proximidade que constrói uma comunidade, fideliza o público e dá às marcas um espaço de conexão verdadeira.
Em 2025, a Cazé TV mostra que o futuro do esporte na mídia já chegou – e ele é leve, interativo, digital e, acima de tudo, humano.
A maioria das marcas não sabem disso, mas quem dita o consumo no Brasil muitas vezes não tá no feed — tá no morro.
Por Rafael Luz
Em média, o setor de marketing no Brasil gasta mais de **R$ 50 bilhões por ano em mídia**.
A maior parte vai pra onde sempre foi: centro expandido, classe A/B, bairros “seguros”.
Mas sabe quem tá vendendo bem?
Quem aparece onde a cultura e o consumo nascem.
Em favelas e periferias, o consumo já movimenta mais de R$ 180 bilhões por ano.
Um motoboy pode fazer 12 paradas por dia e ver o mesmo outdoor 5 vezes.
Um salão com TV digital ligada 8h por dia vira central de conversa sobre marcas.
Uma mãe que vê sua marca no bairro 3 vezes por semana **compra por afinidade — e recomenda por lealdade.**
E aí vem a parte que quase ninguém pensa:
Quem aparece onde ninguém aparece, é lembrado onde todo mundo briga por atenção.
Quando uma marca coloca mídia dentro da comunidade, ela ativa:
– Afeto (“essa marca nos enxerga”)
– Frequência real (TV ligada, outdoor no trajeto)
– Repetição informal (conversa, boca a boca, confiança)
Sabe aquela pessoa que compra uma ração, um sabão, um energético específico e você pergunta:
“Por que esse?”
E ela responde:
“Ah, vi lá no bar… vi num poste… vi no painel perto de casa… é boa.”
Não é mágica. É mídia com contexto.
É ser visto onde faz diferença.
O problema não é gastar muito.
É gastar sem ser lembrado.
Dia Internacional do Cooperativismo
Por Simone Diel
O Dia Internacional do Cooperativismo é celebrado no primeiro sábado de julho, foi oficialmente instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1992. É um convite para conscientização e promoção dos movimentos cooperativos e seu impacto na sociedade através do desenvolvimento econômico e social.
Este ano, 2025, a ONU declarou o ano internacional das cooperativas reconhecendo o cooperativismo no importante papel da construção de um mundo mais justo e inclusivo. O objetivo desta declaração é promover o modelo cooperativista para o mundo.
Também neste ano em novembro, o Brasil sediará em Belém no estado do Pará, a COP30 que é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, um encontro de líderes mundiais onde serão discutidos as mudanças climáticas, tema de extrema relevância e pertinência para o futuro do nosso planeta. Neste momento, mais uma vez o cooperativismo terá espaço para demonstrar o seu modelo de negócio sustentável.
E falando em cooperativismo, importante relembrar quais são os seus princípios para entender seu impacto quando aplicados. São eles: I. Adesão voluntária e livre; II. Participação econômica dos membros; III. Educação, formação e informação; IV. Interesse pela comunidade; V. Gestão democrática; VII. Autonomia e independência; VII. Intercooperação.
Eu tenho o privilégio e orgulho de fazer parte de um sistema cooperativo a 30 anos como colaboradora e como associada, o Sicredi. Quando muito jovem ingressei como colaboradora tive a oportunidade de aprender e contribuir, e, observo até hoje o impacto positivo nas pessoas e na comunidade que está inserido.
Alinhamento de valores são fundamentais para uma vida em harmonia e quando descrevo e pratico os valores do Sicredi, que abaixo colaciono, vejo o quanto destes valores conectam com os meus valores pessoais:
i. Cooperação: aqui sentimos a força de fazer juntos;
ii. Pessoas no centro: somos uma sociedade de pessoas que respeita e cuida do outro, sem discriminação;
iii. Evolução constante: aprendizagem e prática são necessárias para evoluir e acompanhar o mundo;
iv. Atuação sistêmica: um sistema onde uma entidade coopera com a outra, e assim somos mais fortes;
v. Desenvolvimento local: o olhar para a comunidade faz parte de nossos objetivos;
vi. Ética: sabemos de nossa responsabilidade na construção de um mundo melhor através do bem comum e da observância as leis e regulamentações;
vii. Transparência: prestamos contas aos associados e sabemos que confiança é um pilar fundamental.
E além desta conexão, o orgulho em fazer parte, vem também da minha história e da minha ancestralidade. Meu avô paterno foi colaborador por 25 anos ininterruptos na qualidade de membro da Diretoria da Caixa Rural União Popular de Santa Clara. Aqui a minha história encontra a história do Sicredi.
Com consciência, princípios e valores que norteiam nossa vida temos a oportunidade de contribuir para um mundo melhor, e, “construir juntos uma sociedade mais próspera”, assim como o Sicredi.
Masculinidade em cheque – Como fica o papel dos homens em um cenário cada vez mais contestador.
Por Matheus Conci
Quando a gente fala sobre comportamento do consumidor, parece que estamos olhando para uma massa homogênea de escolhas racionais, baseadas em preço, qualidade e necessidade. Mas basta cavar um pouco mais fundo pra ver que, por trás das decisões de compra, estão identidades em construção – e, entre elas, a masculinidade ocupa um lugar central e muitas vezes invisível. Nesta edição da Nós da Cordão, a gente quer colocar essa lente sobre a ideia do que é “ser homem” impacta nos comportamentos da nossa sociedade.
Estamos falando do impacto da pornografia na forma como os homens se relacionam, da influência profunda da formação nos anos iniciais da vida – muitas vezes marcada pela repressão emocional e pela cobrança de desempenho – e até da predileção literária por narrativas que reforçam um certo ideal de força, controle e heroísmo. Ao entender esses atravessamentos, a gente consegue pensar em estratégias mais conscientes, inclusivas e, quem diria, mais eficientes. Vem com a gente.
Quando os meninos ficam para trás
Já no início da vida escolar, os meninos chegam em desvantagem: segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Infantil dos EUA, apenas 58% dos meninos entre 3 e 5 anos foram considerados preparados para o jardim de infância, contra 71% das meninas — um gap que tende a aumentar com o tempo.
Essa defasagem não é só cognitiva, mas emocional e comportamental: meninos apresentam menor controle de emoções, autorregulação e foco, e acabam sendo penalizados por não “acompanhar o ritmo”. Mesmo com pesquisas mostram que o cérebro masculino amadurece mais devagar nessas áreas, o sistema escolar trata todos da mesma forma, exigindo foco e disciplina precoce — o que acaba punindo os meninos por simplesmente serem… crianças.
O cenário se agrava na adolescência e vida adulta: três em cada quatro mortes por suicídio ou overdose nos EUA são de homens, e um em cada sete relata não ter nenhum amigo próximo, mostrando que os problemas educacionais são só o começo de uma exclusão mais ampla.
Falta match, sobra planilha
Não é de hoje que se sabe que há um desequilibro entre solteirice por gênero. Nos EUA, há 60% mais mulheres com ensino superior do que homens na faixa dos 22 a 29 anos — o que criou um “déficit de homens desejáveis” para relacionamentos heterossexuais. Ele já começa a moldar o comportamento afetivo de uma geração que não está solteira por escolha — mas por falta de opção.
Logo, a correção para essa anomalia vem como resposta tal qual um problema econômico: no livro “Date-onomics”, de Jon Birger, sugere que mulheres resolvem o “mercado desfavorável” escolhendo faculdades com mais homens, mudando de carreira ou casando mais cedo. Mesmo com mais homens do que mulheres na plataforma, apps como o Tinder contribuem para a “mentalidade de mercado” nas relações – transformando pessoas em perfis descartáveis.
Com o jogo afetivo cada vez mais complexo, o amor também passou a exigir pragmatismo. Apps e startups voltados para todas as jornadas de relacionamento tem sido a aposta para o mercado que se criou de paquera: o mais impressionante é o Divorce.com que oferece um divórcio “totalmente guiado” de US$ 2 mil, com documentação personalizada, processo judicial e quatro sessões de mediação.
A geração moldada pelo pornô
A iniciação sexual de boa parte dos meninos não vem de uma conversa, uma relação ou sequer de um toque — vem da tela. Segundo a Common Sense Media, 64% dos meninos e 18% das meninas já tinham sido expostos à pornografia antes dos 13 anos. Quando o primeiro contato com o sexo é moldado por imagens hiperestimulantes, sem afeto ou contexto, não é exagero dizer que isso redefine como essa geração aprende a desejar.
E o consumo está longe de ser casual: jovens de 18 a 30 anos assistem dois milhões de vídeos por minuto no Pornhub. É um dado que escancara o volume, mas também o vazio — porque, ao mesmo tempo, pesquisas mostram que esses mesmos homens estão transando menos, saindo menos, se relacionando menos. A pornografia preenche, mas não substitui.
O efeito é visível no corpo e na psique. O número de homens jovens que não teve nenhuma relação sexual no último ano triplicou entre 2010 e 2023, segundo o General Social Survey. Isso não é só sobre libido: é sobre solidão, medo da intimidade, fuga do contato. O pornô virou uma espécie de anestesia — instantânea, fácil, mas com efeitos colaterais profundos.
Homens, ficção e o medo de sentir
A leitura de ficção por homens está em declínio — e não é só preguiça. Na ausência de um modelo positivo de como existir no mundo pós-MeToo, correram para promover sua ideia de como a masculinidade deveria ser. Nisso, fez emergir um movimento online que idolatra o homem “autossuficiente”, emocionalmente fechado e focado em status, e que tem transformado sensibilidade em fraqueza, e livros de ficção viraram alvo fácil dessa rejeição.
Para muitos, ler virou sinônimo de melhorar performance, não de mergulhar no subjetivo. Uma pesquisa mostrou que apenas 20% dos leitores ávidos de ficção nos EUA são homens — e isso se agrava entre os mais jovens.
Só que essa “fobia da ficção” é mais social do que natural: raça, classe e escolaridade moldam quem lê — e entre os homens, há também um gap de gênero significativo. Segundo o Pew Research Center, 77% das mulheres nos EUA leram pelo menos um livro no último ano, contra 65% dos homens.
6 em cada 10 meninos no Brasil não tem referência positiva de masculinidade. O estudo nacional realizado pelo Instituto PDH e PapodeHomem, viabilizado pela Natura e com apoio do Pacto Global da ONU no Brasil, ouviu mais de 4 mil adolescentes
81% dos homens consideram o Brasil um país machista. A pesquisa aponta que os estereótipos do comportamento masculino causam dificuldades aos homens, já que 66,5% deles não falam com os amigos sobre medos e sentimentos.
1 em cada 5 homens nas Américas não alcancem os 50 anos. A principal responsável? A masculinidade tóxica. Além da violência, a negligência com a própria saúde e o estigma com problemas de saúde mental agravam esse quadro.
13% quanto o Brasil já representa no mercado global de beleza masculina. É o quarto maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.
80% dos homens brasileiros nunca fizeram terapia. A faixa etária que mais se destacada é a dos homens de 25 anos aos 34 anos, que representam 21%. A menor é a dos homens 45 anos ou mais, que são apenas 13%.
Por hoje ficamos por aqui.
ROI não é sorte. É configuração cirúrgica.
Por Wesley Lira
Clínica gastou R$ 847mil em Google Ads e quase quebrou. Mudamos 1 configuração: faturamento de R$ 2,8M em 8 meses.
Janeiro 2024: recebi ligação desesperada de um gastroenterologista de São Paulo. Conta tinha 847 mil reais queimados em 14 meses. Zero pacientes novos. Sócio ameaçando sair.
“Vocês são minha última chance antes do fechamento.”
O diagnóstico foi devastador:
CONFIGURAÇÃO DE PÚBLICO ERRADA
Anúncios aparecendo para “curiosos sobre saúde intestinal”
Por que isso é um erro:
É como vender Ferrari em feira de usados. Público errado = dinheiro jogado fora.
Impacto real:
97% dos cliques vinham de pessoas sem intenção de consulta
PALAVRAS-CHAVE GENÉRICAS DEMAIS
Competindo com WebMD e Drauzio Varella
Gastavam R$ 45 por clique em “dor de barriga” contra portais de conteúdo. Impossível de ganhar.
LANDING PAGE GENÉRICA
Mesma página para colonoscopia e refluxo
Como se vendesse carro e moto no mesmo anúncio.
As mudanças:
Segmentação ultra-específica: “homens 45+ próximos à clínica”
Palavras long-tail: “colonoscopia preventiva São Paulo”
Landing pages dedicadas por procedimento
Resultado em 8 meses:
847 mil perdidos → 2,8 milhões faturados
A verdade inconveniente: 90% das clínicas fazem Google Ads como se fosse outdoor. Resultado? Queimam dinheiro achando que “marketing digital não funciona”.
ROI não é sorte. É configuração cirúrgica.
Sua clínica está medindo Google Ads ROI corretamente?