Nos artigos que publicamos hoje, você vai ler sobre: Disney+ e SBT se unem a Boninho no novo The Voice Brasil, O mercado publicitário está nu, mas problema vai muito além da queda de Icaro e da DM9, Hit sertanejo de Bruno & Barretto vira campanha de educação financeira do Sicredi, Lançamento Oficial do livro Paulo Sant’Ana – O Gênio Indomável, Contatos desatualizados: como eles afetam o ROI?, Grupo RBS anuncia evolução da frente de conteúdo para marcas, A Cazé TV nem “é da Globo”, muito menos “está desbancando a Globo”: Entenda o mito por trás das narrativas, Planeta Atlântida 2026 e O sucesso é silencioso, o fracasso é barulhento
Disney+ e SBT se unem a Boninho no novo The Voice Brasil
Por Renata Suter
O Disney+ e o SBT fazem parceria inédita para a exibição do The Voice Brasil, junto com Boninho, que volta ao projeto como showrunner, além de assinar a co-produção com a Formata Produções Conteúdo, responsável pela produção do programa.
A atração será exibida, simultaneamente, no Disney+ e no SBT. Após a exibição semanal de cada programa, o espectador terá um conteúdo especial com cerca de 20 minutos exclusivos no Disney+. Os programas ficarão disponíveis, na íntegra, na plataforma.
Vicente Varela, superintendente de Negócios e Marketing do SBT, afirma que “É uma honra para o SBT levar este grande sucesso, já consagrado no mundo e no Brasil, por meio desta união inédita com a Disney. Temos certeza de que será um marco para o entretenimento brasileiro”.
As gravações estão previstas para ter início em setembro, em São Paulo.
Super Download lotado!
Na noite gelada do dia 17, no sempre aconchegante Instituto Caldeira, a ARP realizou a segunda edição do Superdownload em parceira com o SINAPRO-RS. Com mais de 100 pessoas presentes, tivemos uma noite repleta de reflexões sobre o mercado, avanços, ética, inovação, criatividade, mídia e outros pontos, todos com base em Cannes, de onde os palestrantes trouxeram, além de muita informação, um convite para que os gaúchos se mobilizem para marcar mais presença nos próximos.
O que aconteceu:
Os presidentes de SINAPRO-RS e ARP, Juliano Hennemann e Fernando Silveira, respectivamente, abriram o evento falando sobre a importância em unir forças para oferecer momentos de conexão para o mercado publicitário. Logo em seguida, Fernando chamou a mediadora Dani Lazarotto, que conduziu os talks da noite.
O primeiro convidado foi Felipe Galvão, Co-fundador e Dir. Criativo do Estúdio Pé Grande, que falou muito sobre produção, criatividade e, claro, Inteligência Artificial impactando as produtoras. Depois do Felipe, foi a vez de Patrícia Angeletti, Diretora Executiva de Negócios Sul e LATAM da W3haus, falar sobre mídia, apresentar seus destaques e mostrar que, muito mais do que impactos ou volume de exposição, a mídia precisa trabalhar estrategicamente nas conexões, complementariedades e disrupções para que os resultados sejam efetivos. O terceiro convidado, Fábio Bernardi, Co-CEO e CCO da HOC, assumiu o microfone na sequência e propôs algumas reflexões importantes sobre o papel da criatividade, a atenção ao uso da IA e também provocou o público a não aceitar o básico, mostrando o quanto a participação em um festival como o de Cannes pode ser importante para abrir o apetite para buscar mais e mais soluções criativas. O encerramento ficou por conta de Rafael Martins, CEO do Share, que esteve, além de Cannes, em outros eventos do mercado, então seu momento buscou um apanhado geral do primeiro semestre, mas claro que o evento francês tomou conta do palco. Além de curiosidade, Rafael se mostrou impactado com tudo que viu e viveu na sua primeira experiência em Cannes.
Ao final do evento, algo pouco comum aconteceu: muitas conversas e networking entre público e convidados, ali mesmo no Espaço Caldeira. Agora é aguardar o próximo evento para seguir as trocas e aprendizados.
O mercado publicitário está nu, mas problema vai muito além da queda de Icaro e da DM9
Por Guilherme Ravache
Como na fábula em que o Rei usa roupas invisíveis, todos fingem enxergar algo maravilhoso na publicidade brasileira, até um ingênuo surgir e apontar o óbvio.
A fábula é famosa. Um imperador vaidoso contrata dois alfaiates que, para agradar a um rei com expectativas impossíveis de atingir, dizem ter criado roupas com um tecido mágico, invisível a tolos e incompetentes. Ninguém, do próprio rei aos cortesãos, ousa admitir que não vê nada — por medo de parecer estúpido ou desleal.
O monarca desfila nu pela cidade enquanto a multidão aplaude a “maravilhosa” roupa inexistente. Até que uma criança rompe o silêncio: “O rei está nu!”. Então, a ilusão coletiva se desfaz.
De certo modo, é o que aconteceu em Cannes. A publicidade brasileira estava nua há tempos, mas o mercado fingia ver as roupas mais belas (apoiado em uma história vitoriosa da criatividade brasileira) enquanto o modelo de negócios era gradualmente corroído com clientes querendo pagar cada vez menos, mas mantendo uma expectativa altíssima em relação aos prêmios e resultados.
Além de devolver o Grand Prix da campanha para a Consul, a DM9 também retirou as inscrições de outros dois cases: “Plastic Blood”, para a OKA Biotech, a campanha brasileira mais premiada do ano, e “Death Gold”. O festival afirmou que “todas as partes reconhecem que o nível de legitimidade não atende aos padrões necessários”. Os prêmios recebidos pelos três cases foram devolvidos. No total a DM9 retornou 12 Leões.
Mas o escândalo da DM9 e Consul está longe de ser um caso isolado ou erro pontual.
Também há problemas com a Campanha da LePub para a New Balance (números inventados para inflar resultados) e o case da AB InBev e Africa Creative que burlou regras de direitos autorais para não pagá-los.
Após ser constatada a manipulação das campanhas por IA, tornando-as casos de desinformação (como expliquei na coluna Escândalo DM9 e Consul mostra o risco da IA aliada à falta de ética), a organização do Cannes Lions retirou o Grand Prix de DM9 e Consul, e a agência devolveu os Leões que recebeu no evento.
Outra campanha vitoriosa nesta edição de Cannes está sendo questionada é “Camisa que Conduz”, da LePub para a New Balance (patrocinadora do São Paulo), de acordo com post do jornalista Demétrio Vecchioli do Prado no LinkedIn, ela teria usado dados falsos.
Já a AB InBev e a Africa Creative pediram desculpas pelo case vencedor que apresentaram no Cannes Lions. A campanha destaca como nenhum real foi gasto com direitos autorais, pois usaram apenas 1 segundo de cada música.
Ou seja, o diferencial da campanha (inclusive chamada de brilhante por um jurado) foi não pagar direitos autorais, se aproveitando de uma “brecha”.
Em nota, a AB InBev disse que a empresa tem profundo respeito pelos artistas musicais e que escutou a preocupação. “Temos uma longa história de apoio e relação com artistas, festivais musicais e eventos. Sentimos muito e estamos trabalhando para resolver esse tema”, diz, em comunicado.
Por WhatsApp, perguntei a um CEO com décadas no mercado e muitas premiações como ele via a situação em Cannes. Eis a resposta:
Eu vejo como o problema central uma questão ética grande do mercado/país. Pessoas ou agências que constroem reputação ao longo dos anos baseado em mentiras ou formas desleais de competição. No caso da Africa/Ambev, fazendo algo ilegal mesmo, jogando sujo. Truque malandro e que joga contra, justamente, a plataforma da marca. Não adianta pedir desculpas. Deveria perder o Leão também.
Aí você vai ver os indivíduos ou agências nas redes sociais, têm milhares de curtidas, pagação de pau. O Icaro fez um post no início de Cannes que tem mais de 1.000 likes. E agora na revelação da cagada, o bonito é execrar o cara.
É tudo desleal, antiético, fere muitos princípios, mas todo mundo que faz é sempre bacana e admirado porque tem uma história de muitas premiações.
Para mim, é tudo um grande vazio. Uma grande mentira e fica cada vez mais difícil de respeitar as agências brasileiras que ganham muitos prêmios em festivais. E lamento, mas a culpa é dos festivais também.
Pior ainda tudo isso acontecer justamente no ano em que a publicidade brasileira foi homenageada do Festival. Imagino que justamente em um ano como esse, no qual deveríamos ser as estrelas, a pressão por vitórias foi ainda maior.
Como escreveu Cris Dias , no LinkedIn:
“Sim, um novo limite da cara-de-pau foi cruzado. Mas é que antes o resultado “exagerado” (mentiroso) aparecia só em um PPT. “As vendas aumentaram 47%!”. Será que aumentaram mesmo? Ninguém se importa, eu quero a puta ideia meeeeo, quem vai lá conferir? Só precisamos de uma ilusão.
A culpa dos fantasmas não é de um ou meia dúzia de publicitários desonestos. É de um sistema torto onde a ideia é dada de graça e a receita vem da mídia.
No Brasil, um prêmio em Cannes é o que define vidas em um mercado onde não há plano de carreira — o principal jeito de um publicitário receber um aumento é mudando de emprego. Sem um leão, não se vai longe”.
Andrea Assef, em reportagem no Valor, lembrou que “não é algo raro que a remuneração de profissionais de criação esteja diretamente vinculada ao desempenho em premiações”. Há casos em que os bônus variam conforme o tipo de troféu conquistado – bronze, prata ou ouro, com gratificações significativamente maiores para Leões de Ouro. Em situações específicas, o valor pode representar o equivalente a um 14º salário.
Para entender como chegamos aqui, vale entender de onde saímos
“As vaias passam; os prêmios ficam”. Foi com essa frase, hoje imortalizada no folclore publicitário, que Nizan Guanaes respondeu às vaias que recebeu em uma premiação nos anos 1990, em São Paulo.
Na ocasião, Guanaes e Guga Valente tinham acabado de comprar a DM9. Ao subirem ao palco para receber mais um troféu, foram recebidos com vaias por parte da plateia que considerava a campanha vitoriosa “excessivamente publicitária”, destoando do espírito autoral valorizado na época.
Note a ironia, a DM9 foi vaiada no passado por fazer campanhas “publicitárias demais”. Diferentemente de hoje, as campanhas eram reais e o foco vender mais. Seja como for, a expressão “as vaias passam; os prêmios ficam” ganhou força nos anos seguintes, sobretudo em Cannes, quando a DM9 passou a colecionar Leões e as polêmicas se repetiam nos bastidores.
“Nizan é um gênio. É indiscutível, mas muito do que o mercado vive hoje começou lá atrás”, diz a liderança de uma agência. “Em Cannes, atualmente, 75% das peças são manipuladas”, ele estima. Há quem diga que o número pode ser ainda maior entre as campanhas brasileiras.
Cabe destacar que quando Nizan disse a frase, ele se referia ao contexto de quando não entendem seu trabalho e você ganha um prêmio. Algo bastante diferente do que vimos com a DM9 e demais casos nesta edição de Cannes.
Mas se ao longo dos anos o conceito da frase foi sendo desvirtuado, o empenho em ganhar prêmios disparou na tentativa de replicar o sucesso de Nizan e outros ícones da publicidade nacional. Ganhar um Leão é a diferença entre crescer na carreira ou ser cortado, ou cada vez mais, substituído por uma IA.
O Brasil há tempos se especializou em “campanhas fantasma” — peças criadas não para conquistar consumidores, mas para brilhar apenas nas premiações. Sem os orçamentos robustos de agências norte-americanas ou europeias, o mercado local encontrou formas engenhosas de mostrar sua criatividade. O problema é que cada vez mais o “jeitinho” ultrapassa a fronteira da ética.
Some-se a isso uma tecnologia como a IA, construída com base no princípio de burlar o direito autoral, e baseada na ideologia do enriquecimento a qualquer custo das gigantes da tecnologia do Vale do Silício, e juntamos a gasolina com o fogo.
As big techs que minaram o mercado das agências nas últimas décadas, incendiaram o que restava com a IA.
A IA aumentou a crise no mercado publicitário não apenas por possibilitar fraudes em Cannes e nos deixar em choque com o fim da nossa capacidade de distinguir mentira e realidade (se nem os jurados conseguem, o que dirá os leigos!). O fato é que a IA também impôs uma nova realidade às agências e seus profissionais, como uma fala desastrada de Anselmo Ramos, creative chairman da Gut, expôs:
“A melhor dupla criativa do mundo é um brasileiro e uma IA. Um brasileiro traz diversidade, criatividade, improvisação e otimismo, e a IA trabalha 24 horas por dia, sem adoecer, sem reclamar e sem pedir aumento de salário”, afirmou Ramos.
No fundo, Ramos disse o que boa parte dos CEOs e CFOs pensam, mas não dizem publicamente. O “sincericídio” de Ramos talvez ajude a explicar o rápido crescimento da Gut nos últimos anos. No final, agência e cliente “se atraem”, como diz o ditado.
Ou seja, nas entrelinhas o recado é que a IA irá roubar milhares de empregos. O que Anselmo não disse, é que as holdings de publicidade investem bilhões para concorrer com as big techs que desenvolvem as IAs. Mark Zuckerberg, da Meta, já disse que as agências serão dispensáveis a partir do próximo ano no que depender dele.
Os representantes da Meta em Cannes se esforçaram para desmentir o próprio CEO, dizendo que a dona do Facebook e Instagram quer muito trabalhar com as agências. Outro lembrete de que em Cannesnada é o que parece.
Modelo em crise
Uma das maiores mentiras do mundo corporativo é a ideia de fazer mais com menos. Usualmente, se faz menos com menos. É o que vemos na publicidade, não apenas no Brasil, mas no mundo.
Criado pela Globo no início dos anos 1960, o BV (bonificação de veiculação) um pagamento que chegava a 15 % do valor veiculado e é recebido além da comissão-padrão de 20%, já prevista nos contratos, funciona como remuneração adicional pela intermediação da compra de espaço e, na prática, aumenta a margem das grandes agências.
O BV praticamente desapareceu nos últimos anos, ou melhor, mudou de mãos. As empresas de mídia cada vez mais negociam o BV diretamente com as marcas, excluindo as agências deste processo.
Google e Meta também pagam BV no Brasil, e para tomar espaço da TV, começaram a ir diretamente aos anunciantes, forçando a mídia tradicional a fazer o mesmo e pagar diretamente para as marcas. “O BV nas grandes agências praticamente não existe”, diz um publicitário que ouvi.
Em um país no qual as agências são historicamente remuneradas pela mídia que compram, e não pelas ideias que entregam às marcas, aconteceu uma ruptura que levou a uma crise sem precedentes.
O que existe hoje é um modelo de negócio em colapso. De um lado, agências pressionadas por clientes que querem pagar menos e ganhar mais prêmios. Por outro, a crescente concorrência com consultorias, big techs e profissionais independentes. De certa forma a IA é apenas um espelho: reflete um setor que ainda não sabe como seguir em frente.
É um problema que vai além das agências. As marcas ao espremerem os fornecedores cada vez mais, parecem fazer um desserviço a si mesmas.
Prazos cada vez mais longos de pagamento. Concorrências na qual agências pagam para concorrer. Há um desalinhamento geral de interesses. Quem define preço é cobrado pelo presente da negociação (a área de compras), quem precisa entregar resultados (marketing e agência) criam ações que só devem dar frutos no futuro.
A Ambev, dona da Budweiser é notória por políticas agressivas de preços com seus fornecedores. Mas funciona? Sua produção vem caindo e ela sofre com o crescimento de concorrentes como Heineken e cervejas artesanais. Skol é uma sombra do que já foi. O modelo de cortar custos parece estar matando seu marketing.
Na Whirlpool, dona da Consul e Brastemp, outra ferrenha negociadora, e no passado um ícone da publicidade brasileira, vê suas ações caírem mais de 15% neste ano.
Icaro derrubado
Até aqui temos um único culpado pelo desastre de Cannes: Icaro Doria, diretor criativo demitido da DM9. Um único culpado? A quem estamos enganando?
O que a IA não explica — e nem apaga — é o sumiço, das redes sociais, das fotos dos executivos da DM9 e da Consul celebrando o prêmio em Cannes. Os cases da LePub e África também receberam milhares de likes e aplausos nas redes e dos jurados.
Na vitória, todos sobem no palco. Na derrota, a culpa é do criativo. As agências que lutem.
A New Balance afirmou em comunicado que “todos os materiais relativos à inscrição foram feitos pela LePub, agência responsável pela ação, sem ciência ou aprovação da marca. Assim, questionamentos sobre este case devem ser direcionados à agência”.
A Consul também tirou o corpo fora, apesar de sua executiva aparecer segurando o Leão no palco. “Em relação à participação no Festival de Cannes, a responsabilidade sobre a inscrição de cases e premiações é exclusiva da DM9, agência responsável pela campanha”, comunicou a empresa.
A Ambev pediu desculpas, mas não disse o que fará a respeito do dinheiro que deixou de ser pago aos artistas.
“As discussões estão acaloradas no Brasil. São vozes que conhecem profundamente o valor da criatividade e querem proteger sua integridade”, postou Ricardo Dias , ex-CMO da Ambev.
“O que me surpreende é o silêncio ensurdecedor de muitos CMOs. Prefiro acreditar que é inércia e não covardia”, diz Dias
“Mesmo à distância, sigo orbitando esse ecossistema com respeito e admiração. Mas, justamente por admirar, acredito na cobrança”, acrescentou.
O alerta do rei sem roupas
É irônico pensar que a razão para toda a polêmica em Cannes, e o colapso da publicidade brasileira nos festivais, tenha surgido de um vídeo anônimo, provavelmente criado por outra agência, para atacar a DM9. A DM9 até o momento da divulgação deste vídeo de denúncia era a que mais havia recebido prêmios pelo Brasil nesta edição de Cannes.
Bastante didático, o vídeo explicava passo a passo por que o case da DM9 e Cônsul era uma fraude manipulada com IA. Imagino que quem produziu o vídeo não imaginasse a extensão do estrago que causaria.
Na quinta-feira (19), em pleno feriado no Brasil, o vídeo começou a circular em grupos de WhatsApp. No final do dia, a colunista Josette Goulart , publicou no UOL o texto O Drama da DM9 e Consul, no qual questionava a DM9 e a Consul sobre a manipulação da campanha. Até onde entendo, foi o primeiro texto publicado sobre o tema e que questionou Consul e DM9 sobre a autenticidade da campanha.
No caso da New Balance, foi o jornalista Demétrio Vecchioli quem revelou as inconsistências da campanha em um post no seu LinkedIn pessoal.
Chris Cooke (editor do site britânico Complete Music Update – CMU) teria sido o primeiro a publicar uma crítica contundente à campanha da África que se vangloriava por não pagar direitos.
Chama atenção que as revelações não tenham partido de veículos especializados. Não surpreende, assim como o rei ficou nu, a mídia especializada seguiu o mesmo caminho e foi empobrecida.
No desfecho de “A Roupa Nova do Rei”, de Hans Christian Andersen, o rei percebe o embaraço, mas orgulhoso e sem saber como reagir, decide continuar a procissão – agora consciente de que desfila completamente nu, sob o olhar constrangido dos súditos.
Assim, a farsa se desfaz ao revelar o poder da honestidade simples diante da vaidade e do medo coletivo de contrariar a opinião dominante.
Agora, a exemplo do rei sem roupas, a publicidade vai seguir em frente e tem uma chance de mudar. Porém, as agências são apenas a ponta do iceberg. Todo o mercado precisa ser repensado.
Mas não se iluda, quem define o jogo são os clientes. Money talks, bullshit walks. As marcas são os reis e mandam nos alfaiates.
Hit sertanejo de Bruno & Barretto vira campanha de educação financeira do Sicredi
Por Renata Suter
O time de marketing do Sicredi entregou para a Jotacom, agência full-service da FSB Holding, a primeira versão do hit sertanejo ‘Gerente da Sicredi’, que citava a marca, e converter a música recém-lançada em ferramenta de comunicação e educação financeira.
A música original alcançou 10 milhões de visualizações no YouTube e ficou entre as 10 mais tocadas no Spotify Brasil. A ação capitalizou a popularidade de ‘Gerente da Sicredi’, da dupla Bruno & Barretto, em parceria com CountryBeat, recriando a letra com uma pontinha de educação financeira para os novos ouvintes. Para ampliar o alcance, Ana Castela e Lore Improta, embaixadoras da marca, foram convidadas a participar.
Bruna de Frias, gerente de redes sociais do Sicredi, conta que “A música surgiu de forma espontânea e, desde o início, nos chamou atenção pela forma como retratava o relacionamento próximo que temos com nossos associados. Identificamos ali uma oportunidade genuína de cocriar com os artistas, ressignificando o hit”.
Para gerar awareness
Essa foi a primeira vez que o Sicredi cocriou uma ação 100% pensada para as redes sociais, a partir de um hit musical, aproveitando o poder da música como elemento de conexão, viralização e conversa espontânea. Uma iniciativa que une cultura pop, comportamento digital e estratégia de marca.
A estratégia de mídia, voltada para as redes sociais, contemplou divulgação de nota oficial em colaboração com a dupla anunciando a nova versão do hit, cortes dos sertanejos sendo treinados para interpretar a nova letra, e produção de um videoclipe, que está sendo impulsionado no Instagram, TikTok e YouTube. O objetivo da campanha foi gerar awareness para a instituição financeira cooperativa e potencializar o engajamento nas redes sociais da marca.
A Jotacom foi responsável por toda a estratégia de conteúdo, incluindo a criação do storytelling e a reescrita da música. A campanha também contou com a parceria da Spark, agência de marketing de influência do Sicredi, que acionou e gerenciou, as duplas sertanejas, as embaixadoras da marca e influenciadoras.
Ainda segundo Bruna, o resultado da ação impulsionou a performance da série de conteúdos no Instagram, que registrou um aumento de 53% nas visualizações totais, em relação ao mês anterior. Além disso, o clipe oficial da música se tornou o segundo conteúdo mais compartilhado no perfil do Sicredi nos últimos dois anos – reflexo direto da estratégia 100% social first.
É AMANHÃ DIA 22
Fernando Ernesto Corrêa, idealizador do livro Paulo Sant’Ana – O Gênio Indomável, e o autor da obra, jornalista Márcio Pinheiro, convidam para o lançamento oficial, no próximo dia 22 de julho (terça-feira), às 18h, na livraria A Página, do Shopping Praia de Belas.
Contatos desatualizados: como eles afetam o ROI?
Por Silvio Filho
Altos investimentos direcionados a estratégias sofisticadas, textos persuasivos e campanhas criativas nem sempre se convertem nos resultados esperados. Essa frustração, bastante comum no mercado, muitas vezes, não está relacionada à qualidade da execução, mas sim a um elemento frequentemente negligenciado: os contatos desatualizados.
Mais do que apenas um banco de dados, uma base de contatos qualificada, viva e confiável é o verdadeiro alicerce de qualquer campanha corporativa bem-sucedida. Ignorar esse ponto pode comprometer não apenas a entrega das ações, mas também o relacionamento com o público-alvo e, por consequência, o retorno sobre o investimento (ROI).
Gestores e tomadores de decisão reconhecem o valor dos dados como fonte para ações estratégicas. No entanto, de nada adianta ter um grande volume de informações se não há garantia de que esses dados são verdadeiros, válidos e atualizados. Segundo estudo da Validity, 75% dos entrevistados afirmam que abordagens baseadas em dados imprecisos ou desatualizados levam à perda de clientes e dificultam a mensuração real dos resultados das ações.
O problema vai além de cadastros incompletos ou erros de digitação. O verdadeiro gargalo está na falta de acompanhamento da jornada de comunicação. Muitos contatos retornam ao ciclo de relacionamento após um período de inatividade, mas por outros números ou canais. Não reconhecer esse padrão impede a empresa de ajustar suas ações em tempo real e compromete o aproveitamento de oportunidades. Sem uma estrutura de validação contínua e sem a devida integração entre as bases e os canais que consomem os dados, a base rapidamente se torna obsoleta — ainda que aparentemente volumosa.
A ausência de governança sobre os dados e a falta de mecanismos que priorizem o número certo para cada CPF geram impactos diretos: campanhas mal direcionadas, tentativas ineficazes, desperdício de verba, retrabalho operacional, perda de performance e, em casos mais sensíveis, desgaste na relação com o cliente por insistência em contatos errados ou repetidos.
Além disso, a falta de inteligência sobre o comportamento de retorno — como e quando o cliente volta a se engajar — impede a construção de estratégias de reaproximação mais eficazes. O resultado é uma operação que tenta, sem critério, múltiplos números para o mesmo CPF, consumindo recursos, tempo de equipe e correndo riscos legais, como violações à LGPD por contatos indevidos.
Apesar de parecer um problema complexo, esse cenário pode ser revertido com metodologias que priorizam o uso inteligente dos dados. A chave está em direcionar os esforços para o número validado, com maior probabilidade de resposta e alinhado ao histórico de relacionamento com aquele CPF. Ter uma base enriquecida, atualizada e estrategicamente construída é essencial para garantir que a mensagem chegue a quem realmente importa — no telefone certo, pelo canal certo, no momento certo.
Nesse contexto, a tecnologia desempenha um papel central, não apenas como ferramenta de validação pontual, mas como parte de uma estrutura contínua de relacionamento. Modelos baseados em inferência e comportamento, aliados a um sistema de retroalimentação diária, tornam a base de contatos um ativo vivo — capaz de aprender com os dados e melhorar continuamente.
Mais do que identificar se um número está ativo, é fundamental reconhecer qual contato tem maior potencial de gerar resultado. Isso significa reduzir tentativas, aumentar a taxa de efetividade, proteger a imagem da marca e oferecer uma experiência mais relevante ao cliente.
O uso de camadas de decisão orientadas por dados é o que diferencia operações de alto desempenho daquelas que apenas disparam para todos. Por isso, é fundamental que as empresas adotem modelos que não apenas limpem os dados, mas que aprendam com eles. O que funcionou? Quando funcionou? E o que pode funcionar de novo?
Tratar a base de contatos como um ativo estratégico — integrando fontes externas, comportamento histórico, validação de operadora e preferências de canal — é o caminho mais seguro para gerar valor real. Afinal, ninguém gosta de ser impactado por uma comunicação que não faz sentido para seu momento ou perfil. E da mesma forma que o excesso de tentativas prejudica o cliente, também prejudica a empresa.
Evitar esse tipo de desgaste exige consistência, inteligência e estrutura. Uma base viva é aquela que evolui com o tempo, que se adapta ao comportamento do cliente e que entrega valor tanto para quem envia quanto para quem recebe.
Silvio Filho é especialista em Inteligência Analítica, com foco em Modelagem de dados de contato e jornada do clienteda Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de VoiceBot, SMS, e-mail, chatbot e RCS.
Sobre a Pontaltech
Fundada em 2011, a Pontaltech é uma empresa de tecnologia especializada em comunicação omnichannel que ajuda empresas a automatizar e escalar seus atendimentos com um portfólio composto por diversos canais digitais e de voz. Com soluções integradas de SMS, e-mail, chatbot, RCS, VoiceBot, entre outros, simplifica a comunicação das empresas com seus clientes de forma inteligente e eficiente, sem nunca perder a proximidade humana.
Grupo RBS anuncia evolução da frente de conteúdo para marcas
Por Comunicação RBS
Com estrutura ampliada e novo modelo de atuação, movimento aposta em times especializados em diferentes territórios e inteligência de dados para alavancar resultados
O Grupo RBS apresenta, nesta segunda-feira (21), a evolução de sua frente de conteúdo para marcas. Por meio de ações de comunicação focadas em parceiros de mercado, a empresa anuncia o aprimoramento da estrutura e da operação de branded contente buscando oferecer soluções ainda mais relevantes e assertivas.
Para levar a um novo patamar a qualidade das entregas, alavancando resultados, a área, agora denominada RBS Conteúdos para Marcas, reformulou e ampliou estrutura e operação, implantando novos fluxos e processos. O conteúdo é produzido por três núcleos especialistas em diferentes territórios em entretenimento, news/esporte e TV combinando histórias com qualidade editorial, credibilidade e criatividade. Contando com um novo time focado em inteligência de dados e performance, o objetivo é conectar marcas e públicos de forma orgânica e efetiva.
O novo modelo de atuação proporciona um processo ainda mais ágil e transparente, em que o cliente, além de contar com formatos de conteúdo disponíveis no portfólio, participa ativamente na construção de soluções adaptadas aos seus objetivos de negócio.
A novidade representa uma evolução na forma como concebemos e entregamos conteúdo para marcas, alavancando o potencial deste formato já consolidado em nossos veículos. Vamos entregar soluções ainda mais efetivas contando com processos e estruturas alinhados às melhores práticas dos grandes players nacionais do setor e com o padrão RBS de qualidade que o mercado reconhece—frisa Caroline Torma, diretora-executiva de Marketing.
Tendo como conceito “estratégias criativas que transformam marcas em histórias que importam”, as iniciativas de lançamento do novo produto contam com comunicações nos canais digitais da RBS, ações dirigidas aos parceiros comerciais e uma landing page disponível no site de negócios da empresa.
A Cazé TV nem “é da Globo”, muito menos “está desbancando a Globo”: Entenda o mito por trás das narrativas
Por Caio Arbex
Nos últimos tempos, muita gente nas redes sociais tem alimentado a ideia de que a Cazé TV estaria “superando” a Globo nas transmissões esportivas, especialmente após exibir grandes eventos como a Copa do Mundo de Clubes e a Copa do Mundo masculina no YouTube. Mas essa leitura ignora um ponto essencial: esse tipo de transmissão paralela sempre existiu, o que mudou foi apenas a plataforma.
O modelo antigo: mesma transmissão, públicos diferentes
Por muitos anos, a Globo comprava os direitos de transmissão com exclusividade e depois sublicenciava parte desses direitos a outra emissora. Essa emissora (como a Band, por exemplo) pagava cerca de 30% do valor total e exibia os mesmos jogos, nos mesmos horários. Essas transmissões paralelas geralmente tinham um estilo mais informal, quase caricatural. Como não lembrar de Luciano do Valle e “craque Neto” transmitindo o mesmo jogo que passava na Globo. Ainda assim, a Globo mantinha a liderança absoluta em audiência: nunca perdeu no share, e a diferença média era de 70% Globo vs. 30% ou menos das “concorrentes”. Com o tempo, esse modelo passou a não se sustentar. Os custos aumentaram e outras emissoras perderam interesse. Resultado: em 2018, a Copa do Mundo foi transmitida exclusivamente pela Globo na TV aberta, sem divisão de direitos.
A virada com o streaming: novo formato, mesma lógica
Em 2022, a FIFA passou a negociar os direitos também para o streaming, além de TV aberta e fechada. Foi aí que surgiu uma solução criativa e estratégica: em vez de pagar mais por exclusividade ou buscar parceiras tradicionais, a Globo optou por pagar menos e até fez lobby junto a FIFA para que os direitos de streaming caíssem nas mãos da LiveMode, que opera a Cazé TV no YouTube. Essa decisão foi tudo menos ingênua: A Globo reduziu seus custos com direitos ainda mais que no antigo modelo de sublicenciamento, Impediu que streamings concorrentes do Globoplay entrassem nesse território, garantiu a continuidade de uma transmissão paralela mais popular sem precisar negociar com outra TV aberta e manteve a hegemonia da sua transmissão padrão, sem comprometer a audiência. Na Copa do Mundo de Clubes de 2025, por exemplo, mesmo com transmissão simultânea da Cazé TV, a Globo e o Sportv atingiram 85% de share na TV aberta. Se o YouTube fosse medido com os mesmos critérios da TV, a audiência da Cazé TV provavelmente marcaria “traço”.
Conclusão: a Cazé TV não é da Globo — mas ajuda (muito)
Esse cenário explica por que muita gente acredita que a Cazé TV pertence à Globo. Não pertence. Mas a existência de uma transmissão alternativa, simpática e informal, em uma plataforma que não rivaliza diretamente com a TV, vem muito bem a calhar para os interesses da Globo. E, nessa nova engrenagem, todo mundo sai ganhando: a Globo gasta menos, mantém a liderança, e o público tem uma segunda tela mais leve para quem quiser.
P.S. : Vale lembrar que dificilmente a Cazé TV vai conseguir manter parcerias pontuais que fez ao longo da copa do mundo de clubes com o Prime Video e SKY Mais, já que esse tipo de manobra interfere por exemplo na “Jurisdição”da exclusividade para streaming, avançando para áreas delicadas como a concorrencia do Prime Video com Globoplay no streaming, além de entrar na área do Sportv caso seja oferecida na SKY Mais. Capitulos que veremos a seguir.
PLANETA ATLÂNTIDA 2026
A PUC RS aproveitando seu grande momento de novos e revitalizados conceitos será uma das patrocinadoras do maior evento do Sul do país
O sucesso é silencioso, o fracasso é barulhento
Por Gustavo Bozetti
Uma árvore leva anos para crescer. Ela brota pequena, quase invisível. Com o tempo, cria raízes, engrossa o caule, sustenta galhos, dá sombra, frutos e vida ao redor. Tudo isso acontece em silêncio. Sem alarde. Sem aplausos. O barulho não é parte do crescimento: é parte da queda. Quando uma árvore cai, o som é alto, assusta, quebra o que está em volta. Todos comentam, fotografam, lamentam. Mas poucos notaram os longos anos que ela passou crescendo em silêncio, assim como poucos perceberam indícios de sua possível queda. Assim é o sucesso e o fracasso.
Na vida pessoal, as maiores vitórias costumam acontecer longe dos holofotes. A leitura antes de dormir, a conversa difícil com um filho, a escolha de não gastar o que não se tem. Os “nãos” ditos com responsabilidade. Tudo isso constrói uma vida sólida, mas raramente é aplaudido. Já o fracasso pode vir acompanhado de barulho. Um escândalo. Uma separação. Uma dívida impagável. Um colapso de saúde. Quando chega, parece repentino, mas quase sempre é cultivado no silêncio da negligência, das pequenas falhas e dos equívocos que puderam se suceder.
Nas empresas, é igual. O sucesso empresarial nasce da consistência, do planejar, corrigir, ouvir clientes, cuidar da equipe, manter os números sob controle. Isso não gera manchetes. Mas quando um negócio quebra, todos comentam. Aponta-se o erro, mas esquece-se que os sinais vinham de longe: decisões sem dados, vaidade acima da estratégia, falta de diálogo interno, acomodação. A queda de uma empresa faz barulho. Mas o que a sustentava era o silêncio da disciplina.
No cenário internacional, não é diferente. Recentemente, os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Foi como o estrondo de uma árvore caindo. Impacto direto nas exportações, prejuízo nas indústrias, insegurança no mercado. Mas a pergunta que fica é: onde estava o Brasil enquanto essa crise crescia? Quais pontes foram deixadas de lado? Que diálogos não aconteceram? O fracasso diplomático também foi silencioso, até deixar de ser. O barulho, agora, é do prejuízo. E, mais uma vez, o preço é alto.
Precisamos voltar a valorizar o que não aparece. O trabalho diário, os acertos discretos, os avanços que não geram manchetes. O Brasil está enfraquecendo sua estrutura em doses homeopáticas. Aos poucos, os políticos vão aumentando seus próprios salários, ampliando o número de cadeiras na câmara dos deputados, aumentando gastos, impostos, degradando a nação. A queda é barulhenta, mas se soubermos analisar com sabedoria e maturidade, fica fácil perceber que, tanto no poder público quanto nas empresas e na vida pessoal, poderia ter sido evitado. Precisamos estar sempre atentos porque, assim como a árvore, é o crescimento lento e firme que sustenta qualquer vitória duradoura. Pense nisso, Forte abraço e até a vitória, sempre.