Especial Geração Z – Comportamento, Desejos, Hábitos e Preocupações – 23.07.2025

Nos artigos que publicamos hoje, você vai ler sobre:  O olhar sem expressão da Gen Z é universal e preocupante. Entenda por que essa geração às vezes parece dar pane interna, O que é o controverso ‘tratamento de princesa’ e por que a geração Z é obcecada por ele?, A Geração Z não pode pagar o aluguel, mas, em breve, será a geração mais rica da história, A Geração Z já mostrou há algum tempo que tem um verdadeiro pavor de falar ao telefone; e o Google quer aproveitar isso, A Geração Z se desvinculou tanto dos vícios que está celebrando raves diurnas com café e “cura sonora” , A Geração Z é uma dor de cabeça para as empresas: 95% admitem que relaxam e evitam tarefas durante o dia de trabalho, A Geração Z é a geração mais educada da história; infelizmente, também é o mais superqualificado no mercado de trabalho e Geração Z surpreende e prioriza crescimento na carreira.

 

 O olhar sem expressão da Gen Z é universal e preocupante. Entenda por que essa geração às vezes parece dar pane interna

Por Livia D’Ambrosio

 

Você já reparou como alguns jovens parecem travar no meio da conversa? É como se estivessem ali, mas com o pensamento a quilômetros de distância — olhando para o nada, com a expressão neutra, quase robótica.

Esse comportamento, que muitos já presenciaram em reuniões, salas de aula ou até em encontros entre amigos, tem nome e está viralizando: “Gen Z Stare”, ou, em bom português, o olhar sem expressão da Geração Z.

Entenda o que está por trás desse fenômeno, por que ele preocupa profissionais da área da saúde e o que tudo isso revela sobre o jeito único — e às vezes incompreendido — com que a Geração Z enxerga e se conecta com o mundo.

 

O que é esse olhar sem expressão?

Você já tentou puxar conversa com alguém da Geração Z e recebeu, como resposta, apenas um olhar vago, parado, sem reação? Se sim, não está sozinho. Esse fenômeno tem um nome: “Gen Z Stare” ou olhar fixo da Geração Z, em português. Nas últimas semanas, vídeos e memes sobre esse comportamento se espalharam nas redes sociais, especialmente no TikTok e no X (antigo Twitter), e despertaram tanto curiosidade quanto preocupação.

A expressão descreve aquele momento em que jovens entre 15 e 30 anos parecem estar com a mente em outro lugar — mesmo em situações sociais comuns, como uma conversa no trabalho ou um bate-papo entre amigos. No Brasil, o olhar parado já ganhou apelidos como “modo avião” ou “olhar fixo”, numa tentativa de dar nome a algo que muita gente está começando a notar com mais frequência.

Mas por trás da viralização está um ponto sério: o que gerações mais velhas interpretam como frieza ou desinteresse pode, na verdade, ser um reflexo de sobrecarga emocional, ansiedade ou até um pedido por menos pressão e mais compreensão.

 

Por que esse comportamento pode ser tão preocupante, de acordo com especialistas

De acordo com o psicólogo clínico André Sena Machado, em uma entrevista para o Pequenas Empresas e Grandes Negócios, o “Gen Z Stare” não é só uma tendência passageira. “A psicologia vê esse comportamento com múltiplas camadas. Pode ser introspecção, ansiedade social ou uma adaptação ao ambiente digital, onde expressões faciais tradicionais perderam força”, explica.

A pandemia teve um papel importante nesse cenário. Enquanto o mundo parava, muitos jovens da Geração Z estavam atravessando a adolescência ou entrando na vida adulta. Nesse período, as interações sociais deram lugar a chamadas de vídeo, mensagens e emojis — e a consequência disso foi uma espécie de “atrofia” das habilidades sociais.

“O olhar parado pode expressar cansaço, sobrecarga emocional ou até uma tentativa inconsciente de se proteger. É como se dissessem com os olhos: ‘Me deixa respirar’”, analisa Artur Costa, da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica ao mesmo veículo

E isso pode ser facilmente mal interpretado. O diretor de pesquisa da Vistage, Joe Galvin, disse à Forbes que, em muitos casos, o olhar fixo da Gen Z é visto como apatia ou desafio. Mas ele alerta: o comportamento não é novo — apenas ganhou visibilidade. Para Galvin, trata-se de um sinal de desconexão geracional nas formas de comunicação e nas expectativas sobre o trabalho.

 

Ansiedade disfarçada de desinteresse

Não se engane: o olhar neutro não quer dizer falta de interesse. Muitas vezes, é exatamente o oposto. É uma forma, ainda que não verbal, de mostrar que a mente está cheia — ou que a pessoa está tentando se proteger de estímulos em excesso.

A Geração Z é nativa digital, cresceu com múltiplas telas e se habituou a interações rápidas e superficiais. “O que um gerente da geração Baby Boomer pode perceber como desinteresse pode, na verdade, ser a versão da Geração Z de escuta ativa”, aponta Galvin.

O desafio, agora, está em construir pontes. Especialistas defendem que empresas e instituições criem espaços seguros de escuta, promovam oficinas de inteligência emocional e incentivem o diálogo intergeracional. Tudo isso ajuda a diminuir julgamentos apressados e aumenta a empatia.

 

A importância do YouTube para alcançar a Geração Z

Por Anna Marques*

 

Nos últimos anos, o YouTube se consolidou como uma das plataformas mais poderosas do mundo digital.

Com bilhões de usuários mensais e uma infinidade de criadores de conteúdo, a plataforma desempenha um papel crucial na formação de tendências, comportamentos e preferências.

Para marcas e empresas, o YouTube é uma ferramenta indispensável para se conectar com diversos públicos, especialmente a Geração Z.

Este grupo de jovens, nascido a partir de meados da década de 1990, tem consumido conteúdos de forma única, o que torna o YouTube uma plataforma estratégica para alcançá-los.

 

O que é a Geração Z e por que ela é relevante

A Geração Z é composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, que cresceram em um mundo digitalmente conectado.

Diferente das gerações anteriores, os membros da Geração Z têm uma familiaridade natural com a tecnologia e preferem consumir conteúdo por meio de plataformas digitais como o YouTube.

Sua relevância para o mercado é inegável, pois representam uma parte significativa da população e são responsáveis por moldar tendências culturais e de consumo.

Para marcas que buscam se conectar com essa geração, é essencial entender seu comportamento e preferências digitais.

 

Por que o YouTube é essencial para alcançar a Geração Z?

O YouTube é, sem dúvida, a principal plataforma de vídeo online do mundo. Para a Geração Z, que valoriza o conteúdo visual e a facilidade de acesso, o YouTube oferece exatamente isso.

Os jovens assistem a vídeos no YouTube diariamente, o que o torna um canal crucial para as marcas que desejam impactar esse público.

Além disso, empresas que vendem camisas personalizadas atacado, por exemplo, podem usar o YouTube para apresentar seus produtos de forma criativa e envolvente, destacando as vantagens e a qualidade de suas peças.

Vale ressaltar que, com o aumento da popularidade de vídeos curtos, o YouTube lançou o YouTube Shorts, uma resposta direta a plataformas como TikTok e Instagram Reels.

Para a Geração Z, vídeos rápidos e dinâmicos são uma forma eficaz de consumir conteúdo sem perder tempo, seja sobre tendências de moda, beleza ou até temas mais específicos como o implante de cabelo nas entradas.

Marcas que desejam se conectar com esse público devem explorar o Shorts como parte de sua estratégia de marketing, criando vídeos atraentes e diretos ao ponto.

 

Os tipos de conteúdo que mais atraem a Geração Z no YouTube

A Geração Z tem preferências únicas quando se trata de consumo de conteúdo no YouTube. Com uma busca constante por autenticidade, diversão e aprendizado, eles se interessam por uma variedade de formatos e temas. Confira:

Vlogs e conteúdo lifestyle

A Geração Z valoriza a autenticidade, e os vlogs são uma das formas de conteúdo mais populares para eles.

Criadores que compartilham suas vidas diárias de forma realista, sem filtros, atraem milhões de jovens que se identificam com essa abordagem.

Marcas podem se beneficiar ao patrocinar esses criadores, especialmente quando eles mostram o uso de produtos no seu cotidiano.

Vídeos de humor e memes

Conteúdos de humor e memes têm grande apelo entre os jovens, especialmente quando são rápidos e fáceis de consumir.

Eles oferecem uma pausa leve e divertida na rotina, e marcas que conseguem criar ou patrocinar esse tipo de conteúdo podem se conectar de forma eficaz com a Geração Z.

Além disso, empresas podem explorar caixa de esfiha personalizada como tema em vídeos de humor, destacando de forma criativa seus produtos.

Tutoriais e guias DIY

Vídeos tutoriais e guias “faça você mesmo”  são extremamente populares entre a Geração Z, que valoriza a educação prática.

Esses vídeos permitem que os jovens aprendam novas habilidades de forma rápida e eficiente, o que os torna um excelente formato para marcas que desejam educar seus consumidores sobre seus produtos.

Desafios e trends

Desafios e tendências virais têm um forte apelo entre a Geração Z, que adora participar de trends e mostrar suas habilidades criativas.

Para as marcas, aproveitar essas tendências é uma oportunidade de gerar visibilidade e engajamento. Criar desafios que incentivem os jovens a interagir com seus produtos é uma estratégia eficaz para aumentar a conscientização de marca.

Vídeos de reação

Vídeos de reação são outro formato popular no YouTube. A Geração Z gosta de assistir e compartilhar vídeos que apresentam reações autênticas a eventos, produtos ou outros conteúdos.

Para as marcas, esse tipo de vídeo pode ser uma forma eficaz de se conectar com o público, especialmente se os influenciadores reagirem a novos lançamentos ou produtos da marca.

Gameplay e eSports

A Geração Z é fortemente atraída por jogos e eSports. Vídeos de gameplay no YouTube, seja para entretenimento ou competição, são uma parte essencial do consumo de mídia dessa geração.

O envolvimento com o universo gamer é tão relevante para eles quanto temas mais cotidianos, como a busca por informações sobre temas como o laudo de reforma apartamento, que faz parte do dia a dia de muitos jovens adultos.

Para as marcas, especialmente aquelas relacionadas ao universo gamer, o patrocínio de criadores de conteúdo de jogos pode ser uma excelente oportunidade de atingir esse público de maneira autêntica.

 

O papel dos influenciadores do YouTube na cultura da Geração Z

Os influenciadores do YouTube têm um papel fundamental na formação da cultura da Geração Z.

Esses criadores de conteúdo têm o poder de moldar opiniões e comportamentos, muitas vezes de forma mais eficaz do que campanhas tradicionais de marketing.

A Geração Z confia nos influenciadores que seguem, pois os veem como fontes autênticas de informação e entretenimento. Esse poder de influência é o que torna o YouTube um espaço essencial para marcas que desejam impactar esse público.

 

Como influenciadores moldam comportamentos e preferências

Os influenciadores do YouTube não apenas entretêm a Geração Z, mas também moldam seus comportamentos de consumo.

Seja através de reviews de produtos, vlogs de lifestyle ou até mesmo parcerias com marcas, esses criadores têm um impacto significativo nas preferências de seus seguidores.

Por exemplo, influenciadores podem apresentar produtos como roupas, filmes, livros ou utilidades domésticas de forma inovadora, mostrando sua utilidade em diversos contextos, o que pode influenciar a percepção de seus seguidores.

 

O futuro do YouTube na conexão com a Geração Z

As lives e transmissões ao vivo no YouTube têm se tornado cada vez mais populares, especialmente entre a Geração Z.

A interação em tempo real é algo que os jovens apreciam, pois permite uma maior conexão com os criadores e marcas.

O futuro do YouTube deve incluir mais recursos para melhorar essa experiência, permitindo que marcas se envolvam de maneira mais dinâmica com seu público.

Além disso, à medida que o YouTube continua a evoluir, novos formatos de conteúdo devem surgir, adaptando-se às mudanças nas preferências da Geração Z, como os vídeos produzidos a partir de IA, porém com estratégia definida para alcançar objetivos.

O uso de tecnologias avançadas, como a sinalização vertical de advertência, pode se tornar parte dessas novas estratégias, introduzindo formas criativas de engajar o público com conteúdos que vão além do vídeo tradicional.

 

Seja Criativo e Inovador

O YouTube é uma plataforma essencial para alcançar a Geração Z. Sua capacidade de conectar marcas e influenciadores de forma autêntica, ao mesmo tempo que oferece uma variedade de formatos de conteúdo, faz dele um espaço crucial para engajamento e criação de valor.

Ao entender o comportamento e as preferências desse público, marcas podem utilizar o YouTube para criar campanhas eficazes que ressoem com a Geração Z.

À medida que o futuro traz novas tecnologias e formatos, o YouTube continuará sendo uma plataforma estratégica para qualquer empresa que deseja se conectar com esse público dinâmico e digitalmente nativo.

*Anna Marques é especialista em conexão com a Gen Z

 

O que é o controverso ‘tratamento de princesa’ e por que a geração Z é obcecada por ele?

Por Riley Farrell

 

Estamos acostumados a ver cortejos à moda antiga da alta sociedade em séries como Bridgerton, Os Bucaneiros e A Idade Dourada.

Mas agora o fascínio pelo cavalheirismo destas séries de época se transformou no fenômeno de rede social favorito da geração Z, que está ganhando força rapidamente: o “tratamento de princesa”.

Esta nova tendência de relacionamento se refere a vários gestos supostamente dignos de contos de fadas feitos pelos parceiros das mulheres, incluindo (mas não se limitando a) café na cama, flores toda sexta-feira, manicure paga pelo parceiro e portas sendo abertas para você.

Nas postagens nas redes sociais, o tratamento de princesa é normalmente contrastado com o “mínimo necessário” (pense: expectativas básicas de comunicação e lembrar de aniversários).

E, é claro, esse tratamento é extremamente “clicável”: as plataformas de rede social têm transformado cada vez mais atos privados de afeto em exibições públicas.

Mas até que ponto isso é saudável? Parte uma tendência de boas maneiras, parte aspiração de relacionamento, parte fantasia —, será que o tratamento de princesa é empoderador, uma mera diversão ou um tipo sinistro de “tradicionalismo” em relação ao papel da esposa exacerbado?

Quase 130 mil publicações no Instagram estão reunidas sob a hashtag #princesstreatment.

No centro da tendência está a influenciadora Courtney Palmer, de Utah, nos EUA, que se autoproclama “princesa dona de casa”, cujo TikTok — visualizado 7,6 milhões de vezes — descreve suas expectativas controversas em relação ao cônjuge. “Em um restaurante com meu marido, eu não falo com a recepcionista, não abro a porta nem peço a minha comida.”

Alguns críticos sugeriram que isso se assemelha mais ao comportamento de um prisioneiro do que de uma princesa.

Emma Beddington, do jornal britânico The Guardian, classificou como “emético” e “perturbador”. E, ainda assim, o tratamento de princesa está repercutindo, principalmente nos EUA.

 

Por que o tratamento de princesa está repercutindo

“Em uma época em que os relacionamentos podem parecer transacionais e muitas vezes confusos, o romance à moda antiga parece especial”, diz Myka Meier, uma das maiores influenciadoras de etiqueta do Instagram.

Para Meier, que tem mais de 650 mil seguidores no Instagram, o tratamento de princesa tem menos a ver com materialismo, e mais com atenção emocional.

“A fantasia de ser ‘arrebatada’ se baseia em um desejo universal de requinte, respeito e intencionalidade”, explica Meier à BBC.

Com o lançamento de um novo filme de Downton Abbey previsto para setembro, e a heroína da nova série de Lena Dunham na Netflix, Too Much, fantasiando sobre ser cortejada por um pretendente no estilo do Mr. Darcy, não há como negar o interesse atual por representações de romance à moda antiga da alta sociedade.

As séries já citadas Bridgerton, Os Bucaneiros e A Idade Dourada, sem contar The Crown, reacenderam o interesse pelo flerte de antigamente, e tornaram uma versão romantizada do cortejo histórico da alta sociedade acessível ao público de streaming.

Esses dramas de época influenciaram “completamente” as questões de etiqueta de namoro dos espectadores, diz o especialista em etiqueta Daniel Post Senning, autor do livro Manners in a Digital World (“Boas maneiras em um mundo digital”, em tradução livre). “Nossas histórias influenciam a maneira como interpretamos nossas emoções”, diz Senning, que é tataraneto da autora americana de boas maneiras Emily Post.

 

Como os EUA se apaixonaram por contos de fadas

Apesar de terem se libertado da condição de súditos há quase 250 anos, os americanos sempre foram fascinados pela realeza. Quando a rainha Victoria foi coroada em 1837, a “febre Victoria” tomou conta dos EUA; as mulheres americanas queriam saber tudo sobre ela — até sobre suas botas Chelsea, conta Arianne Chernock, professora de história da Universidade de Boston.

Em meados do século 20, a animação Cinderela, da Disney, e a coroação televisionada da rainha Elizabeth 2ª ajudaram a popularizar ainda mais as mulheres da realeza.

E hoje? “Os americanos estão interessados [na realeza] nos séculos 20 e 21 porque os americanos se tornaram atores dentro da família real”, diz Chernock à BBC.

Em 1936, Wallis Simpson — uma socialite divorciada nascida na Pensilvânia — foi o centro de uma crise constitucional quando o rei Edward 8° abdicou para se casar com ela. Décadas mais tarde, o casamento do príncipe Harry com Meghan Markle, natural da Califórnia (agora duquesa de Sussex), reacendeu o interesse nos EUA.

E, de acordo com Chernock, a princesa Diana, embora britânica, se tornou “a princesa do povo” do outro lado do Atlântico por seu trabalho humanitário e celebridade.

“Diana tinha um grande número de admiradores nos EUA”, acrescenta Chernock. “Na verdade, ela até cogitou se mudar para os EUA, porque sempre sentiu mais apoio aqui.”

Segundo ela, muitos americanos são fascinados pela realeza justamente porque não pertence a eles. A monarquia paira acima das disputas políticas nos EUA como uma fantasia.

“As rainhas e princesas proporcionam essa fusão entre o privado e o público que não está disponível para as mulheres nos EUA, com uma seriedade e um papel político que não é comparável às nossas celebridades americanas”, diz ela.

À medida que o mundo migrou para a mídia online e as plataformas de redes sociais, cresceu o fascínio do público pela vida dos ricos e da realeza (tanto como figuras reais quanto como personagens fictícios).

No entanto, embora as representações fictícias e as influenciadoras de redes sociais se concentrem na opulência e na comodidade, as princesas da vida real também têm um tremendo soft power, o que permite a elas serem protagonistas importantes quando se trata de diplomacia.

“Ser princesa dá muito trabalho”, argumenta Chernock.

 

Empoderamento ou regressão rebatizada?

Tratamento de princesa é, portanto, um termo um tanto equivocado. Em vez de descrever o estilo de vida de uma princesa, parece ser a interpretação que as redes sociais fazem do cavalheirismo, diz Senning.

Em seu contexto medieval original, o cavalheirismo vem de sistema de cavalaria com um código de conduta.

Mas na história moderna, o cavalheirismo remete ao comportamento tradicional e cortês dos homens em relação às mulheres, o que alguns acadêmicos dizem ser um reforço dos papéis tradicionais de gênero e uma manifestação do “patriarcado benevolente”.

Por outro lado, diz Meier, atos simples, como puxar uma cadeira ou acompanhar alguém até a casa, podem deixar claro seu cuidado com o parceiro ou pretendente. “A formalidade desacelera um pouco as coisas, dá espaço para a apreciação e acrescenta uma pequena camada de magia”, ela argumenta.Será que é inofensivo o suficiente, então? O surgimento do tratamento de princesa despertou um novo debate, mas Chernock diz que a discussão não é nova. Há muito tempo a sociedade usa o tema da princesa para explorar ideias de feminilidade e propriedade.

“[O debate sobre o tratamento de princesa] é um referendo sobre o papel da mulher na sociedade, e nunca haverá uma perspectiva única sobre isso”, diz ela.

O debate é o mais recente de uma série de discursos de relacionamento altamente marcados pelo gênero, e segue os passos da onda das chamadas trad wives, esposas tradicionais, do verão passado.

As esposas tradicionais, ou mulheres que adotam e promovem os papéis tradicionais de gênero, cativaram seus seguidores com retratos nostálgicos (geralmente loiros e bucólicos) da vida doméstica.

O apelo semelhante à nostalgia do tratamento de princesa despertou uma discussão sobre poder. Por que se contentar com a tiara quando você pode exigir o “tratamento de rainha”?

Talvez, para aquelas com inclinação para a vida de esposa tradicional, o que atrai seja a passividade implícita do papel de princesa. O título de rainha tem uma conotação “carregada e política”, sugere Chernock, enquanto a princesa é retratada pelas lentes cor-de-rosa da juventude, do romance e da fantasia da Disney.

E embora o tratamento de princesa possa parecer uma reformulação de papéis de gênero retrógrados, Chernock ressalta que, em certo nível, o apelo das princesas emerge da sua força.

“Quando as meninas brincam de princesa, estão buscando permissão para comandar”, diz ela.

Ou talvez elas não precisem de permissão. Afinal de contas, se são as mulheres que estão postando sobre o tratamento de princesa, não são elas que estão no comando?

 

A Geração Z não pode pagar o aluguel, mas, em breve, será a geração mais rica da história

 Por Livia D’Ambrosio

 

A Geração Z está vivendo um paradoxo curioso: enquanto muitos não conseguem pagar o aluguel, essa será, em poucos anos, a geração mais rica da história. Parece contraditório, mas os números não mentem.

Um estudo do Bank of America revelou que, apesar das dificuldades financeiras atuais — incluindo a necessidade de ganhar 146% do salário mínimo para sobreviver — os jovens da Geração Z já acumulam US$ 9 trilhões globalmente. E esse valor deve disparar para impressionantes US$ 74 trilhões até 2040.

A grande virada financeira virá com a chamada “Grande Transferência de Riqueza”, um fenômeno que redistribuirá trilhões de dólares para essa nova geração nos próximos anos. Ou seja, por mais que a Geração Z esteja enfrentando um custo de vida cada vez mais alto, a maré pode virar muito antes do que imaginamos.

Apesar de ser uma boa notícia, também existe uma preocupação quanto a esse cenário: como esses jovens vão lidar com a responsabilidade financeira no futuro?

 

De onde virá esse dinheiro da Geração Z?

A explicação para esse fenômeno está nos US$ 84 trilhões que, até 2045, serão transferidos das gerações mais velhas para as mais novas na forma de heranças. Embora a maior parte desse valor vá para a Geração X e os Millennials, 38% da Geração Z também receberá uma fatia desse montante.

Empresas financeiras como o Bank of America enxergam essa transição como uma revolução, principalmente porque a situação econômica da Geração Z criou o ambiente ideal para que esses jovens se tornem um motor econômico mais poderoso do que qualquer geração anterior. Basta observar seus hábitos de consumo para entender o motivo desse otimismo.

Diante da dificuldade de lidar com o alto custo de vida atual, a Geração Z já se acostumou a preços elevados para compras e aluguéis. Enquanto enfrenta essa realidade, passou a valorizar pequenas indulgências e luxos, muitas vezes sem priorizar a necessidade de economizar. A ideia de formar uma família foi adiada ou descartada por muitos, e o dinheiro tem sido direcionado para viagens, compras online e autocuidado.

 

O impacto do consumismo na saúde mental

Esse comportamento de consumo, muitas vezes impulsivo, pode ter impactos diretos na saúde mental da Geração Z. O desejo constante de gratificação imediata, aliado à pressão social para acompanhar tendências e estilos de vida idealizados nas redes sociais, pode gerar um ciclo de ansiedade e insatisfação.

Além disso, a cultura da hiperconectividade incentiva compras impulsivas, muitas vezes usadas como válvula de escape emocional. A prática de gastar para aliviar o estresse — conhecida como “terapia de compras” — pode trazer um alívio momentâneo, mas, a longo prazo, tende a gerar um sentimento de vazio e frustração.

Por isso, especialistas recomendam que a Geração Z desenvolva uma relação mais consciente com o dinheiro, equilibrando seus gastos com planejamento financeiro e investindo no bem-estar emocional para evitar que o consumo se torne uma fuga para problemas mais profundos.

Em um artigo escrito para o MinhaVida, a psicóloga Adriana de Araújo ressalta que “para se livrar do vício do mau uso do dinheiro é preciso conhecimento administrativo (como, quando e quanto investir; quais opções, como, quando e quanto gastar; como, quando e quanto poupar etc.), além de calma e equilíbrio emocional. Sem conhecimento específico, não se fazem boas ideias nem bons negócios.”

É uma geração que sonha em gastar o dinheiro que ainda não tem e, quando finalmente tiver esse poder aquisitivo, poderá se tornar uma das forças mais transformadoras para economias, mercados e sistemas sociais, segundo o estudo do Bank of America. Por isso, especialistas acreditam que a Geração Z redefinirá o que significa ser um consumidor.

Especialista Consultado : Dra. Adriana de Araújo – Psicologia – CRP 56802/S

 

A Geração Z já mostrou há algum tempo que tem um verdadeiro pavor de falar ao telefone; e o Google quer aproveitar isso

Por Sofia Bedeschi

 

Cerca de 23% da Geração Z admite sofrer de telefobia — um medo irracional de falar ao telefone, que leva muitos jovens a evitar ao máximo atender ou fazer chamadas. Enquanto muita gente enxerga isso como um problema que afasta os jovens de um hábito ainda muito presente no dia a dia, mesmo com o avanço das novas tecnologias e meios de comunicação, o Google viu aí uma oportunidade de negócio.

Diante dessa preferência por uma comunicação assíncrona, como mandar um áudio ou uma mensagem de texto sem a pressão de responder na hora, como acontece em uma conversa por telefone, o Google até poderia ter sugerido uma forma de ajudar os jovens a superar esse medo. Mas fez o oposto: decidiu explorar essa vulnerabilidade da Geração Z para mantê-la ainda mais conectada à sua plataforma.

 

Google ao “resgate” da Geração Z

Com a ajuda de seus agentes virtuais, a proposta é que a inteligência artificial do Google faça ligações no lugar do usuário: para reservar uma mesa em um restaurante, perguntar o preço da vacina do pet ou resolver qualquer outra conversa simples com um estabelecimento. A ideia, por enquanto disponível só nos Estados Unidos, é exatamente o que parece.

Ao buscar um local ou serviço no Google, a inteligência artificial oferece opções já prontas, como perguntar sobre preços ou disponibilidade. Ao clicar em uma dessas opções, o sistema abre uma pequena enquete. Por exemplo, perguntando que tipo de serviço você está procurando ou quais datas seriam mais adequadas para a reserva. A partir daí, é o agente virtual que assume e faz a ligação para obter as informações.

Ainda que a proposta possa parecer uma solução prática, sobretudo para os jovens da Geração Z, que enxergam nessa tecnologia um alívio para a fobia de ligações — o que se apresenta, na verdade, é mais um passo em direção a uma sociedade impessoal, mediada por grandes corporações.

Empresas que, sob o pretexto de tornar tudo mais fácil, aprofundam nossa dependência por seus serviços.

A decisão de promover a ferramenta como um ganho de agilidade, e não como um avanço real em acessibilidade, revela com clareza quais são as prioridades por trás da inovação.

 

A Geração Z se desvinculou tanto dos vícios que está celebrando raves diurnas com café e “cura sonora”

Por Victor Bianchin

 

Há gestos que nos definem como espécie, e dançar é um deles. Quando tudo falha, o corpo continua falando: se agita, se sacode, se liberta. Barbara Ehrenreich documentou isso no livro Dancing in the Streets, onde mostra como a dança serviu historicamente como resposta coletiva à dor. Hoje, esse instinto parece despertar novamente em um mundo desgastado pelo estresse, pela incerteza e pelo isolamento.

Em galpões, parques, cafés e até resorts de luxo, as raves do século 21 já não giram exclusivamente em torno do álcool, das luzes estroboscópicas e da madrugada. Agora também podem começar com uma sessão de yoga ao amanhecer, incluir espaços livres de substâncias, incentivar conversas profundas e oferecer café em vez de coquetéis.

A revista Marie Claire afirma que o fenômeno está se espalhando em muitos países e a música eletrônica continua sendo o coração pulsante. No entanto, o propósito mudou: trata-se de reconectar-se com o corpo, com os outros e consigo mesmo. “Estamos muito conectados online, mas possivelmente mais desconectados na vida real”, afirmou ao veículo Kesang Ball, cofundadora da Trippin, uma plataforma global de cultura jovem. “As pessoas anseiam por espaços onde possam se reencontrar com pessoas que pensam como elas”.

 

Uma mudança cultural

Pode parecer um capricho, já que as raves sempre foram um espaço contracultural que permitia responder ao que acontecia no momento. No entanto, como aborda a revista de moda, a necessidade desse novo movimento gira em torno do esgotamento emocional pós-pandemia, da epidemia de solidão, do colapso do bem-estar mental e do cansaço diante de uma vida digital que prometia conexão, mas trouxe vazio.

Essa mudança também reflete uma sensibilidade geracional. Diferentemente do estereótipo millennial da festa até o amanhecer, a Geração Z prioriza o autocuidado, a autenticidade e a saúde mental. O excesso, o “pt” e a ressaca deixaram de ser gestos de rebeldia; hoje, o subversivo é se manter lúcido, conectar-se profundamente e encontrar prazer sem culpa. Nesse contexto, a rave não desaparece, ela se transforma.

Uma pesquisa da Universidade de Leeds, Exploring Relationships Between Electronic Dance Music Event Participation and Well-being, descobriu que frequentar eventos de música eletrônica está diretamente associado a um maior bem-estar psicológico, emocional e social. No estudo, identificaram que os participantes de raves experimentam sentimentos profundos de conexão, expressão individual, comunidade e euforia coletiva.

E nem uma gota de álcool: a sobriedade é a tendência e os mais jovens estão trocando o drink pelo espresso. As chamadas coffee raves — festas matinais em cafeterias transformadas em clubes — são apenas um exemplo dessa mudança de paradigma.

 

Da pista à paz interior

A mudança tem sido progressiva, mas firme. Em uma reportagem, o site EDM, conversou com coletivos como Daybreaker, Superbloom e The Oracle Project, que estão na vanguarda de uma nova era de festas: diurnas, conscientes e comunitárias. Nelas, dançar e se cuidar não são ações opostas. Lauren Brenc, fundadora do The Oracle Project, resume assim: “Eu não queria abrir mão da diversão de sair, mas também não queria continuar girando em torno de algo que me deixava doente e não promovia uma conexão profunda”.

O movimento também tem sua versão de luxo. Como detalhado na Travel and Leisure, em Koh Samui, o hotel W organiza retiros musicais onde DJs emergentes como Joplin dividem a programação com sessões de cura sonora e yoga em um ambiente cinco estrelas. Ali, a música eletrônica não compete com o descanso, mas se sincroniza com ele. E esse não é o único espaço, pois, em cafeterias como a Santanera Coffee em Madri ou a Vera Café em Barcelona, as coffee parties reúnem centenas de jovens que dançam ao som de house e techno com um cappuccino na mão. Tudo, à plena luz do dia.

A nova cultura rave não é uma cópia nostálgica do passado. É uma reinvenção. Diante de um mundo que mercantiliza o tempo, esmaga a alegria e fragmenta o senso de pertencimento, dançar juntos — sem filtros nem telas — pode ser um ato profundamente radical. Rob Glassett, conhecido como Fold, resume para a Marie Claire: “As pistas de dança sempre foram lugares importantes para desconectar… Mas não para emburrecer, e sim para reconectar”.

Em uma era saturada de estímulos e algoritmos, voltar ao corpo, ao ritmo e ao contato humano pode ser mais revolucionário do que parece. E se, como diz a DJ Surusinghe na revista de moda, “A música tem um poder comparável ao da religião”, então a pista de dança é, talvez, um dos últimos santuários verdadeiramente livres.

 

A Geração Z é uma dor de cabeça para as empresas: 95% admitem que relaxam e evitam tarefas durante o dia de trabalho

Por Igor Gomes

 

Já não é surpresa que a compreensão da Geração Z sobre a vida profissional seja muito diferente daquela das gerações de seus pais e avós. No entanto, essa diferença de percepção ainda é marcante quando consideramos o que os jovens têm a oferecer, apesar de, segundo pesquisas, 95% deles admitirem estar ausentes de seus empregos e tarefas durante a jornada de trabalho.

De acordo com um estudo conduzido pela PapersOwl, uma empresa que oferece serviços de redação, a grande maioria dos entrevistados admitiu se envolver em atividades como sair mais cedo do trabalho, usar propriedade da empresa para fins pessoais não relacionados ao trabalho ou tirar uma soneca durante o horário de trabalho.

 

Não é preguiça: é uma demanda por mudança

A pesquisa listou um total de 15 formas de evasão do trabalho . De todas elas, as mais comuns cometidas pelos entrevistados foram sair mais cedo do trabalho (34%) e tirar o dia de folga fingindo estar doente (27%). Mas a lista não para por aí, já que percentuais abaixo de 20% incluem práticas como chegar atrasado, usar inteligência artificial para executar tarefas ou a chamada “ renúncia silenciosa ”, ou seja, fazer o mínimo.

Muitos desses truques são até compartilhados nas redes sociais, mas o que está por trás dessas práticas? O principal motivo é a insatisfação dos jovens com as condições dentro de suas empresas. Segundo o estudo, esses comportamentos são uma forma de resistência à rigidez das empresas que valorizam o tempo em vez dos resultados, a presença em vez do bem-estar emocional e a obediência em vez do diálogo.

66% dos entrevistados afirmaram que, além da preguiça ou do desinteresse, suas ações são uma tentativa de obter maior flexibilidade durante a jornada de trabalho. 44% dos jovens admitiram que preferem trabalhar em um local mais confortável e 32% revelaram que precisam de um ambiente sem distrações. 40% também admitiram fingir trabalhar em casa para tirar folgas não autorizadas: isso é conhecido como ” férias silenciosas “.

 

A solução não é mais controle, mas mais escuta.

50% dos jovens entrevistados disseram que, para se motivarem a trabalhar mais e melhor, precisam de salários mais altos . Eles também mencionaram a necessidade de um ambiente de trabalho mais positivo e menos tóxico, maior reconhecimento, um equilíbrio entre vida pessoal e profissional que lhes permita sustentar suas famílias e desafios que aumentem seu entusiasmo pelo trabalho.

O estudo concluiu que, apesar do que seus chefes pensam, a Geração Z não é desinformada. O que os jovens precisam são de sistemas de comunicação abertos que ofereçam flexibilidade e priorizem sua saúde mental. Segundo os pesquisadores, isso seria muito mais útil do que controles mais rígidos, check-ins diários ou o uso de ferramentas de espionagem, como monitoramento de tela.

 

A Geração Z é a geração mais educada da história; infelizmente, também é o mais superqualificado no mercado de trabalho

Por Igor Gomes

 

Quando se diz que a Geração Z é a mais bem preparada da história, não é brincadeira. Não só o acesso à informação e à educação está mais amplo e democratizado do que nunca, mas uma grande maioria da Geração Z considera o investimento em educação uma medida prioritária para a sociedade.

Motivados pelas gerações anteriores, os estudos universitários e os mestrados se tornaram a chave capaz de marcar seu futuro, mas, como mostram as últimas pesquisas, a superqualificação da Geração Z não os salvou de um caminho completamente diferente daquele que sonhavam.

 

A geração Z está superqualificada para o mercado de trabalho

Segundo dados coletados pela BBC , na China se tornou comum encontrar formados em física que acabam trabalhando como faz-tudo, filósofos que agora se sustentam como entregadores e até jovens da Geração Z com doutorado que acabaram trabalhando como assistentes de polícia. Suas carreiras acadêmicas tinham objetivos muito mais altos, mas a realidade do mercado os colocou em uma situação radicalmente diferente.

Em uma situação que poderia ser extrapolada para muito além do país asiático, milhões de graduados universitários são forçados a cada ano a ingressar em um mercado de trabalho no qual não há empregos suficientes para atender a essa demanda. A única saída que os jovens da Geração Z veem para progredir é esquecer o quão superqualificados eles são para essas posições e se render ao óbvio.

Como diz o professor Zhan Jun, da Universidade de Hong Kong: “A situação do emprego é muito, muito desafiadora na China continental, então acho que muitos jovens precisam reajustar suas expectativas”. Diante do medo de um panorama incerto, a aposta ainda é estudar mais, mas acaba trazendo resultados semelhantes.

Exemplos como o de Wu Dan, 29 anos, formado em finanças pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, explicam isso perfeitamente. Não só porque acabou trabalhando como massagista em uma clínica esportiva, mas porque, como ela diz, para muitos dos colegas da Geração Z que a acompanharam para fazer o mestrado “é a primeira vez que procuram emprego e muito poucos encontraram”.

 

Uma situação que vai além da China

Somando-se à situação já complexa, muitas das empresas de tecnologia que a Geração Z sonhava para suas futuras carreiras estão longe de viver seu melhor momento. Diante de todas as demissões que o setor vem sofrendo, o número de jovens que tentam se destacar no mercado de trabalho entra em choque com o de todos aqueles trabalhadores que, por sua experiência, são mais atrativos para as empresas do que qualquer outro jovem superqualificado para o cargo.

Felizmente para muitos desses jovens, estar ciente da situação global torna o enfrentamento do problema muito menos dramático, percebendo que agora que são jovens podem encontrar qualquer outro tipo de trabalho e que, à medida que envelhecem, terão a oportunidade de procurar algo mais estável e satisfatório.

Como a própria Wu Dan aponta, no entanto, a situação está longe do ideal: “Eles estão confusos e sentem que o futuro é incerto. Aqueles que têm empregos não estão satisfeitos com eles. Eles não sabem quanto tempo conseguirão durar nessas posições. E se perderem seus empregos atuais, o que mais poderão fazer?”

Há apenas um ano, uma pesquisa do Eurostat mostrou que a superqualificação dos trabalhadores na Espanha era a mais alta de toda a Europa, 36%. Um número que, de qualquer forma, não está muito longe da média de 22% da União Europeia. Com mais de 19% da população tendo concluído diplomas universitários e similares, parece claro que a situação global não está melhorando para a Geração Z e aqueles que vêm depois dela.

 

Geração Z surpreende e prioriza crescimento na carreira

 

Um estudo feito pela JBS tem se mostrado ferramenta estratégica para planejar o crescimento dos jovens profissionais e aperfeiçoar os projetos voltados a esse propósito. O mapeamento adota por base a pesquisa “Jovens JBS”, que ouviu mais de 32.000 colaboradores com idades entre 15 e 30 anos, de diferentes níveis hierárquicos. Os dados levantados mostram que 6 a cada 10 jovens entrevistados priorizam as oportunidades de crescimento e o desenvolvimento profissional ao escolher um lugar para trabalhar.

A JBS informa que o número supera, com ampla margem, o critério “salário e benefícios”, sinalizando que essa faixa etária busca por ambientes que invistam no futuro profissional.  Segundo o diretor-executivo de Recursos Humanos da JBS Brasil, Fernando Meller, a organização está atenta aos resultados para aprimorar as ações de atração e a criação de oportunidades, como suporte à carreira no exterior, programas de treinamento e ensino teórico e prático.

Com esse mesmo objetivo, há apoio às lideranças no fortalecimento do engajamento, desenvolvimento e retenção de equipes multigeracionais. Em todas as frentes, complementa, a finalidade é também manter o atendimento às necessidades de pessoas de outros grupos etários.

“A pesquisa ‘Jovens JBS’ nos trouxe informações valiosas, ampliando nosso entendimento sobre seus comportamentos, expectativas e visão de futuro. Estamos falando de uma geração que busca por empresas que ofereçam caminhos estruturados de aprendizado e evolução. Esse comportamento mostra que, mais do que atrair talentos, o desafio das companhias agora é mantê-los engajados em uma jornada crescente, que faça sentido para eles”, disse Meller.

O levantamento ouviu colaboradores de diversos perfis, de menores aprendizes a profissionais efetivos da companhia. Para os entrevistados, a valorização e o reconhecimento profissional estão atrelados ao crescimento e à oferta de oportunidades de aprendizado e recompensas, como participação em cursos, mentorias e treinamentos.

 

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